Turistas brasileiros na Venezuela aguardam autorização para cruzar divisa
Grupo de setenta pessoas dorme em consulado de Santa Elena do Uairén esperando negociação entre o governo brasileiro e Caracas
Um grupo de cerca de setenta turistas brasileiros passou a madrugada desta terça-feira, 26, no vice-consulado em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana mais próxima de Roraima. Eles tentam retornar ao país e escapar do fechamento da fronteira decretado há cinco dias pelo regime do presidente bolivariano Nicolás Maduro.
A representação diplomática brasileira aguarda um comunicado de Caracas para iniciar o traslado do grupo em ônibus. Só com esse aval os militares chavistas vão abrir passagem na fronteira.
Muitos turistas que faziam compras ou visitavam amigos dormiram no chão do vice-consulado para não perder a preferência na fila de inscrições para voltar ao Brasil. A lista teria mais de setenta nomes.
Negociações semelhantes entre o governo brasileiro e a Venezuela deram certo para permitir a passagem de um grupo de 25 turistas no domingo 24.
Os brasileiros faziam uma caminhada de oito dias no Monte Roraima e também ficaram retidos em Santa Elena, onde se depararam com um cenário de destruição e confrontos no retorno.
Com uma autorização especial obtida após apelos diplomáticos e tratativas militares, eles foram escoltados pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) para Pacaraima (RR). Eles descansaram no centro de acolhida montado na cidade e já retornaram para Boa Vista.
A maior parte dos brasileiros na Venezuela havia atravessado a fronteira antes da quinta-feira 21, quando Maduro antecipou-se a uma tentativa de envio de caminhões com suprimentos e medicamentos e fechou a divisa.
A ação de doação de ajuda humanitária foi articulada por opositores do chavismo, liderados pelo presidente autodeclarado Juan Guaidó, e apoiado por Brasil, Colômbia e Estados Unidos.
Os brasileiros que não conseguiram cruzar a fronteira antes do bloqueio tiveram de permanecer na cidade de Santa Elena durante os conflitos entre militares e paramilitares leais a Maduro e venezuelanos insatisfeitos.
Organizações de direitos humanos falam em pelo menos 4 mortos e quase 300 feridos nos conflitos nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia durante o final de semana.
(Com Estadão Conteúdo)