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Briga pelo Senado decidirá governabilidade do próximo presidente dos EUA

Democratas crescem nas pesquisas e republicanos estão cada vez mais perto de perder a maioria no Legislativo americano

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 nov 2020, 19h34 - Publicado em 24 out 2020, 09h00

Além da disputa pela Casa Branca, os Estados Unidos serão palco nesta terça-feira, 3, da votação que decidirá a composição do Senado. A disputa pode definir a quantidade de poder e a capacidade de governar do próximo presidente americano.

Atualmente, o Senado americano tem maioria republicana: das 100 cadeiras, 53 são ocupadas por membros do partido de Donald Trump. Em 2020, estão em disputa 35 assentos – desses, 23 são atualmente de senadores conservadores.

Caso os democratas consigam roubar 5 cadeiras, terão maioria na Casa. Um dos assentos, porém, é sempre do vice-presidente, ou seja, depende do resultado da eleição presidencial.

O partido do ex-presidente e atual candidato à Presidência Joe Biden já é dominante na Câmara dos Deputados e se conseguir maioria na Câmara Alta terá muito mais controle das pautas discutidas e votadas no Legislativo. “As chances dos democratas de retomar o controle do Senado aumentaram muito à medida que a campanha avançava”, avalia Richard Arenberg, analista de política americana e professor da Universidade Brown, em Rhode Island.

Desde 1970, um presidente que trabalhe com um Congresso dividido ou de outro partido na Casa e no Senado só consegue aprovar cerca de um terço dos projetos enviados aos parlamentares. Essa fração sobe de maneira relevante quando os deputados e senadores estão do lado da Casa Branca.

“Ter maioria no Senado faz muita diferença para um presidente no momento de indicar juízes da Suprema Corte e outros cargos, já que a Câmara Alta deve aprovar com maioria simples a nomeação”, diz Arenberg.

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Donald Trump, por exemplo, nomeou três juízes para o Supremo e teve sua indicação aprovada em duas delas. A terceira indicação, da juíza Amy Coney Barrett, ainda aguarda votação no Supremo. O nome de Barrett, porém, já foi aprovado pelo Comitê Judicial da Casa.

Influência de Trump e demografia

Personagem principal da disputa pela Casa Branca em 2020, Donald Trump também pode ter um papel relevante na corrida pelo Senado. O presidente americano viu sua aprovação cair drasticamente desde o início do seu mandato e mais ainda em 2020. Por trás do tombo recente está a rejeição à reposta de seu governo à pandemia de coronavírus, aos protestos contra violência policial e racismo e a atual crise econômica.

Diante da queda da popularidade de Trump, alguns candidatos republicanos temem que sua imagem possa ser associada ao presidente e a algumas de suas declarações controversas. “Alguns candidatos estão investindo em uma campanha mais independente para evitar qualquer associação”, diz Capri Cafaro, professora de política americana da Universidade Americana de Washington e ex-senadora pelo estado de Ohio pelo Partido Democrata.

Outro fator que deve influenciar o resultado da eleição legislativa é a demografia americana. Jovens e adultos com menos de 39 anos devem representar 37% do eleitorado em 2020, mais do que qualquer outra faixa etária. A maior parte dos apoiadores do Partido Democrata encontram-se justamente nesse setor e candidatos mais progressistas podem se beneficiar da tendência.

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Os movimentos migratórios internos também podem pesar favoravelmente para os democratas. Estados como Carolina do Norte, Arizona e Geórgia, que no passado importavam mão de obra jovem para outras partes do país, têm agora recebido muitos jovens que se mudam de outras regiões.  Ou seja, podem passar por uma transição na sua forma de votar.

“A nação como um todo também está se tornando mais diversa do ponto de vista racial e étnico”, afirma Capri Cafaro. Em geral, latinos e negros têm mais tendência a votar em candidatos republicanos.

Corridas acirradas

Ao menos sete das 35 corridas estão extremamente acirradas. Os estados-chave para os democratas, porém, são Flórida, Maine, Carolina do Norte e Iowa. Alabama, Arizona, Colorado, Geórgia, Carolina do Sul, Michigan e Montana também são regiões em que disputas apertadas podem decidir o controle do Senado.

“Os democratas têm chances de vencer em Iowa, Montana, Carolina do Norte e uma das duas cadeiras em disputa na Geórgia”, afirma Richard Arenberg.

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No Maine, o assento em disputa pertence atualmente à republicana Susan Collins. Sua desafiante, a deputada Sara Gideon, está atualmente na frente nas pesquisas, com uma vantagem de 6 pontos percentuais. Já na Carolina do Norte, o democrata Cal Cunningham também está na frente nas projeções de intenções de voto contra o atual incumbente, o republicano Thom Tillis.

Em Iowa, a senadora republicana Joni Ernst tem uma pequena vantagem nas pesquisas contra a democrata Theresa Greenfield, que já ocupou cargos menores no estado.

Os dois assentos da Geórgia são ocupados atualmente por senadores republicanos. Uma delas, Kelly Loeffler, concorre pela reeleição. Os outros políticos na disputa são o republicano Doug Collins e os democratas Raphael Warnock e Matt Lieberman. Enquanto Warnock mantém uma posição confortável nas pesquisas, os dois republicanos parecem ter mais chances de conquistar o segundo lugar.

Já no Arizona, a disputa é pelo assento do senador John McCain, que faleceu em 2018. Os dois candidatos ao cargo são a ex-pilota da Força Aérea Martha McSally, que foi apontada como suplente após a morte de McCain, e o ex-astronauta democrata Mark Kelly. Nas pesquisas, Kelly tem cerca de 6 pontos percentuais de vantagem.

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