British Museum sofre pressão para devolver estátua ‘saqueada’ do Chile
Campanha nas redes sociais pede a repatriação de monumento que foi retirado da Ilha de Páscoa em 1868
![LONDON, ENGLAND - NOVEMBER 22: A basalt Easter Island Head figure, known as Hoa Hakananai'a, translated as 'lost or stolen friend' is displayed at the British Museum on November 22, 2018 in London, England. The Governor of the Easter Islands, Tarita Alarcón Rapu, has 'pleaded' with the British Museum to return the piece, which was taken by the British members of the U.K.’s Royal Navy of the H.M.S. Topaze in 1868. (Photo by Dan Kitwood/Getty Images)](https://beta-develop.veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/02/GettyImages-1071030718.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O British Museum, em Londres, tornou-se alvo de mais uma campanha para restituir grandes obras aos seus países de origem. Após anos de polêmicas que envolveram a Pedra de Roseta, do Egito, e os mármores do Partenon, da Grécia, o que está em foco agora é um moai de 2,5 metros de altura, uma das grandes estátuas de pedra que representam rostos humanos e ornam a Ilha de Páscoa, no Chile, desde que foram construídas pelo povo rapanui, entre 1250 e 1500. Um influenciador do TikTok, Mike Milfort, iniciou nesta segunda-feira, 19, uma campanha pela devolução do artefato, retirado do território chileno sem permissão em 1968, que viralizou.
O exército de 7,5 milhões seguidores de Milfort, motivados por suas postagens críticas ao British Museum, se puseram a escrever centenas de comentários nas redes sociais da instituição pedindo a repatriação do monumento.
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Até o presidente do Chile, Gabriel Boric, demonstrou apoio ao movimento durante entrevista à rádio chilena Chiloé. “Os ingleses deveriam nos devolver os moais”, conclamou o barbudo e hipster líder do país.
Posicionamento do British
Embora tenha afirmado acolher o debate, o museu desativou os comentários de uma postagem no Instagram feita em conjunto com o programa de extensão juvenil da instituição.
“Acolhemos com satisfação o debate, mas este tem de ser equilibrado, com a necessidade de considerações de salvaguarda, especialmente no que diz respeito aos jovens”, disse um porta-voz do museu, segundo comunicado publicado pela emissora americana CNN.
O que são os moais
As estruturas em forma de cabeça humana são originárias da ilha de Rapa Nui, localizada a cerca de 3.700 km da costa chilena, no Oceano Pacífico. Acredita-se que existam 887 estátuas gigantescas espalhadas pelo local. O povo rapanui construía monumentos como forma de homenagear seus ancestrais e acreditava que seus espíritos reencarnavam nas obras.
O moai localizado em Londres, assim como um segundo, de tamanho menor, conhecido como Hava, foram dados de presente à rainha Vitória em 1969. Pouco depois, foram doados ao museu.
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Repatriações
O movimento pela devolução do moai faz parte de um projeto global que defende a repatriação de obras “saqueadas”, ou retiradas sem permissão, de certos países — via de regra colônias — por exploradores, arqueólogos, curadores e até criminosos.
Na França, a discussão ganhou força em 2017, quando o presidente Emmanuel Macron anunciou a encomenda de um estudo de avaliação da viabilidade de devolução dos artefatos obtidos durante o período de colonização da África. Já nos Estados Unidos, o Metropolitan Museum of Art, o Met, anunciou em 2020 que devolverá 16 obras de arte saqueadas ao Camboja e à Tailândia.