Canadenses vão às urnas em eleição ofuscada por ameaças e tarifas de Trump
Principal disputa é entre os liberais, liderados pelo atual primeiro-ministro, Mark Carney, e a oposição conservadora, liderada por Pierre Poilievre

Os canadenses vão às urnas nesta segunda-feira, 5, para escolher um primeiro-ministro e renovar o Parlamento em uma eleição ofuscada pelas tarifas e ameaças de anexação do Canadá feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Embora os canadenses tenham uma gama diversificada de legendas para escolher nas cédulas, a principal disputa é entre o Partido Liberal, liderado pelo atual primeiro-ministro, Mark Carney, e o Partido Conservador, de Pierre Poilievre.
Os eleitores votarão para eleger 343 deputados. O líder do partido que conquistar o maior número de assentos na câmara se tornará o primeiro-ministro. Segundo pesquisas de opinião, o Partido Liberal deve conquistar 185 assentos — o suficiente para formar um governo com maioria.
Nos dias que antecederam a eleição, um número recorde de canadenses votou antecipadamente — pelo menos 7,3 milhões de eleitores, um aumento de 25% em relação à eleição federal de 2021, de ac0rd0 com um comunicado da Elections Canada.
A eleição ocorre um dia após um ataque em que um motorista avançou contra uma multidão, matando pelo menos 11 pessoas em Vancouver. O incidente levou à suspensão da campanha eleitoral por várias horas.
Reviravolta eleitoral
Desde a renúncia de Justin Trudeau em janeiro, Carney, que assumiu a liderança do Partido Liberal após decisão dos membros da legenda, viu um apoio crescente. Muitos canadenses o consideram mais capaz de lidar com a crise econômica e as ameaças de Trump do que o líder conservador Poilievre.
A ascensão de Carney e as recentes ações de Trump mudaram o cenário eleitoral. Até o início do ano, os conservadores eram favoritos para vencer as eleições. No entanto, a retórica agressiva do presidente dos Estados Unidos, incluindo a imposição de tarifas de 25% sobre muitos produtos canadenses e a sugestão de que o Canadá deveria se tornar o 51º estado americano, provocou uma onda de nacionalismo que impulsionou o Partido Liberal nas pesquisas.
Na semana passada, Trump reiterou ameaças à soberania do vizinho, dizendo que o Canadá “deixaria de existir como país” se os Estados Unidos parassem de comprar seus produtos.
A ameaça comercial imposta por Washington pode ser um trunfo para Carney, que promete proteger os trabalhadores e reforçar a economia frente às sanções de Trump.
“Rejeito qualquer tentativa de enfraquecer o Canadá, de nos desgastar, de nos destruir para que os Estados Unidos nos dominem”, disse Carney no final de março. “Somos donos de nossa própria casa.”
Enquanto isso, Poilievre descreveu a eleição como uma batalha entre os canadenses comuns e as “elites de Ottawa” que governam o país há nove anos.
“As mesmas pessoas que comandaram Justin Trudeau agora comandam Mark Carney”, disse Poilievre a seus apoiadores logo após o rival se tornar primeiro-ministro. “Os liberais estão tentando enganar os canadenses para que os elejam para um quarto mandato.”