Candidato à Presidência da Colômbia cita ‘vida em risco’ e cancela atos
Rodolfo Hernández irá participar apenas de eventos virtuais até segundo turno, em 19 de junho, e afirmou que adversário é parte de 'gangue criminosa'
O candidato presidencial colombiano Rodolfo Hernández disse nesta quinta-feira, 9, que irá cancelar todas as aparições públicas restantes em eventos de campanha por ter certeza que sua vida está em risco.
“Para minha segurança e para garantir a possibilidade de uma eleição democrática, tomei a decisão de cancelar todas as minhas aparições públicas até as eleições. Tenho certeza que minha vida está em risco”, disse o candidato por meio do Twitter.
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Hernández disputa em 19 de junho o segundo turno das eleições com Gustavo Petro, que também já denunciou ter sofrido ameaças. O porta-voz da polícia nacional colombiana disse que não há até o momento informações sobre isso, mas que estava em processo de investigação.
Nas publicações desta quinta-feira, Hernández se referiu a seu adversário e apoiadores como uma “gangue criminosa” e disse que um vídeo no qual assessores de Petro discutem sua estratégia de campanha é uma prova de que sua vida corre perigo. Desse modo, todas as aparições do candidato serão canceladas e um comício marcado em Bogotá para o próximo sábado contará com sua presença de maneira virtual.
Rodolfo Hernández chegou ao segundo turno das eleições com um discurso antissistema e diz ter acumulado uma fortuna de mais de 100 milhões de dólares por meio de sua consultoria. Entre as suas promessas de campanha estão o encolhimento do governo e, embora tenha empregado uma retórica inflamada contra a corrupção, ele está sob investigação por supostamente intervir em uma licitação de coleta de lixo durante seu mandato como prefeito de Bucaramanga para beneficiar uma empresa para a qual seu filho fez lobby. Ele nega as acusações.
Além disso, ele protagonizou alguns momentos polêmicos, como o vídeo em que agride o vereador Jhon Lopez após ser acusado de corrupção. O presidenciável também já contou ser admirador de Adolf Hitler, para depois pedir desculpas e dizer que tinha, na verdade, confundido o ditador nazista com o cientista Albert Einstein.
Populista, ele mistura elementos da direita e da esquerda. Apesar de ser contra o aborto e o casamento igualitário, é a favor da legalização das drogas. Ao mesmo tempo em que defende o livre comércio, Hernandéz alega ser protecionista no setor do agronegócio.
Embora o ex-prefeito fosse visto como azarão na corrida à Presidência, as sondagens de intenção de voto mostram que o ex-guerrilheiro Petro não está com a vitória garantida no dia 19 de junho, como era imaginado. Levantamentos de dez institutos colombianos apontam uma vitória mais folgada de Hernández, com vantagem de 5 pontos percentuais — ele com 48% das intenções de voto, contra 43% de Petro.
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Assim como Hernández, Petro também cancelou eventos de campanha por temores com sua segurança. Em maio, sua equipe disse haver “uma conspiração de uma gangue para assassiná-lo” e desmarcou encontros na região cafeeira do país. Em resposta, o governo federal ofereceu segurança adicional ao candidato enquanto a polícia caminha com as investigações.
O assassinato a candidatos à Presidência na Colômbia não é algo raro. Em 1990, Carlos Pizarro foi morto dentro de um avião enquanto se deslocava entre atos de campanha. Na mesma corrida eleitoral, Luis Carlos Galán, favorito à vitória, também foi assassinado a mando do Cartel de Medellín.
Além dos dois, houve ainda as mortes do candidato comunista Bernardo Jaramillo Ossa e do político Jorge Eliezer Gaitán, a mais marcante delas. Na ocasião, Gaitán foi morto à luz do dia no centro de Bogotá e o autor do crime foi arrastado pelas ruas da capital pela multidão enfurecida.