Candidato de centro direita às eleições do Uruguai, Luis Lacalle Pou repudiou o apoio do presidente Jair Bolsonaro, que havia declarado a sua preferência ao conservador na terça-feira, 29. Lacalle Pou disputa o segundo turno do pleito presidencial no final de novembro contra Daniel Martínez, da Frente Ampla, que governa o país há 15 anos.
À imprensa uruguaia, Lacalle Pou passou um pito em Bolsonaro por sua ousadia. “Não é algo bom que políticos distintos e, neste caso, governantes emitam ou opinem no que pode acontecer ou se passar em um outro país”, afirmou. “Se eu fosse presidente da República e houvesse um processo eleitoral no Brasil, por mais que eu gostasse mais de um do que de outro, asseguro que esperaria os resultados (eleitorais), pois, ganhe quem ganhar, é com ele que tenho que me dar bem”, concluiu.
Na terça-feira, 29, Bolsonaro havia defendido a oposição, representada por Lacalle Pou, à Frente Nacional, de esquerda, que governa o país desde o início de 2015. “(O Partido Nacional) está mais alinhado com os nossos pensamentos liberais e econômicos”, disse o presidente ao jornal O Estado de S. Paulo. A atitude gerou atrito nas relações bilaterais.
O governo do Uruguai manifestou “desconforto” pelo ato de Bolsonaro, como reportou o jornal El Observador. O ministério das Relações Exteriores uruguaio chegou a convocar o embaixador brasileiro, Antonio Simões, para prestar explicações. A atitude da Argentina, onde Bolsonaro deu apoio explícito à reeleição de Maurício Macri e insultou o seu opositor peronista, Alberto Fernández, vitorioso no pleito, foi oposta. O governo de Macri e tampouco ele, como candidato, aceitaram o suporte do presidente brasileiro.
No dia 24 de novembro, será realizado o segundo turno das eleições presidenciais no Uruguai. O candidato do Partido Nacional enfrenta Daniel Martínez, da Frente Ampla. No primeiro turno, Martínez angariou cerca de 39% dos votos, e Lacalle Pou 30%, de acordo com o jornal uruguaio El País.
Enquanto o Bolsonaro original é rejeitado por Lacalle Pou, a sua contraparte uruguaia é bem recebida pelo candidato. O senador Guido Manini Rios, que é visto como o “Bolsonaro uruguaio” e terminou em quarto lugar nas eleições, com com 11% dos votos, declarou apoio a Lacalle Pou logo após o primeiro turno, no dia 27 de outubro. Segundo o EL País, o líder da centro-direita procura montar uma coalizão com outros quatro partidos, dentre eles, o Cabildo Abierto, de Manini, para vencer o segundo turno.