O governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou nesta segunda-feira, 27, um projeto de lei que assume o controle do distrito fiscal especial em torno do Walt Disney World, que há mais de meio século permitiu que o ecossistema de parques e resorts funcionasse com alto grau de autonomia.
“O reino corporativo finalmente chega ao fim”, afirmou o republicano durante coletiva em Lake Buena Vista, em Orlando.
Durante 55 anos, a designação de “distrito de impostos especiais de consumo” foi um privilégio para a empresa, permitindo que a Disney tivesse os mesmos poderes que qualquer outro município da Flórida.
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No entanto, o confronto entre DeSantis e o reino do entretenimento se iniciou em março do ano passado, quando o possível candidato à presidência em 2024 assinou uma lei apelidada pelos seus oponentes de “Don’t Say Gay” (“Não Diga Gay”), que proíbe o ensino de questões acerca de identidade de gênero, a comunidade LGBTQIA+ e orientação sexual em escolas primárias (dos 6 aos 11 anos de idade).
O projeto foi amplamente criticado em todo o país, inclusive por funcionários da Disney, que é conhecida por ser uma importante doadora de recursos para políticos conservadores do Partido Republicano. Sob pressão dos empregados, a empresa se posicionou contra a nova legislação.
Na ocasião, o então diretor-executivo da Disney, Bob Chapek, expressou desapontamento com o projeto de lei que limita a discussão sobre questões LGBTQIA+ nas escolas e afirmou que telefonou para DeSantis para falar de sua preocupação.
Depois, em abril, a Câmara dos Deputados da Flórida aprovou um projeto de lei que tinha como principal objetivo dissolver o regime especial de governo do parque temático Walt Disney World.
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Em uma nova medida, que especialistas políticos consideraram uma retaliação pela visão da Disney sobre o projeto, a Flórida aprovou neste mês um projeto de lei que autoriza o governador a nomear cinco supervisores para monitorar os serviços municipais tradicionais na região onde o Disney World opera, como proteção contra incêndios, serviços públicos, coleta de lixo e manutenção de estradas.
Quase um governo, a Disney possuía até esta segunda-feira autoridade para arrecadar receitas para pagar dívidas pendentes e cobrir o custo dos serviços.
“Temos uma situação basicamente indefensável do ponto de vista político”, disse DeSantis. “Como você dá a um parque temático seu próprio governo e depois trata todos os outros parques temáticos de maneira diferente? Acreditamos que essa não foi uma boa política”, acrescentou.
Na cerimônia de assinatura do projeto de lei, um pai criticou a Disney por ter se manifestado contra o projeto de lei de educação dos estados, e afirmou que a empresa “escolheu o lado errado do argumento moral”.
Uma outra pessoa que se identificou como funcionário de longa data do parque temático da Disney questionou as políticas da empresa em relação às vacinas contra a Covid-19.