Capivaras verdes? O que explica o fenômeno flagrado na Argentina
Incidente ligado à poluição expõe desequilíbrio ambiental na região

Capivaras tingidas de verde foram flagradas às margens do rio Uruguai, na província argentina de Entre Ríos. A cena inusitada logo viralizou nas redes sociais, levantando especulações sobre a origem da coloração. Inicialmente, suspeitou-se de tinta ou contaminação química, mas especialistas esclareceram que o fenômeno é causado pela proliferação de cianobactérias, um problema ambiental agravado pelo calor extremo e pelo despejo de resíduos industriais e agrícolas.
Carpinchos verdes:
El fenómeno se registró en el Río Uruguay. Se debe a cianobacterias presentes en el agua que cubrieron a los capybaras y ponen en riesgo la salud de animales y humanos. pic.twitter.com/Cmy5LTnOps
— Tiempo Judicial (@TiempoJudicial) February 12, 2025
A cada ano, com maior intensidade devido ao aquecimento global, o reservatório da represa de Salto Grande, na fronteira entre Argentina e Uruguai, enfrenta a floração descontrolada dessas microalgas. As cianobactérias contêm clorofila, o que lhes dá a coloração verde e permite que realizem fotossíntese.

Embora façam parte do ecossistema aquático, quando encontram condições favoráveis, como altas temperaturas e excesso de nutrientes na água, proliferam de forma descontrolada, transformando rios e lagos em um caldo esverdeado e tóxico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as cianobactérias como um problema emergente.
“Quando certas condições ambientais ocorrem, esses organismos oportunistas começam a crescer de forma desmedida e ocorre um ‘bloom’ ou floração de cianobactérias”, explicou Diego Frau, pesquisador do Instituto Nacional de Limnologia (Inali), em entrevista à AFP.
Nos últimos dias, algumas praias na província de Buenos Aires foram interditadas devido à presença excessiva dessas microalgas. A Comissão Administradora do Rio Uruguai (CARU) recomendou que moradores e turistas evitem contato com a água. “A proliferação dessas bactérias pode causar problemas gastrointestinais, irritações na pele e até danos hepáticos”, alertou o órgão.
O caso das capivaras verdes na Argentina não é um exemplo isolado de como alterações no clima afetam os animais. No ano passado, capivaras com pelagem dourada foram registradas no Pantanal e em parques de Cuiabá. Nesse caso, a mudança de cor foi atribuída à seca prolongada e à intensa radiação ultravioleta, que degradou a melanina dos pelos.