Cerca de 700 pessoas morreram em protestos eleitorais na Tanzânia, denuncia oposição
Candidatos da oposição foram barrados da disputa, ao passo que críticos do governo foram sequestrados e presos antes do pleito
Cerca de 700 pessoas morreram em três dias de protestos eleitorais na Tanzânia, informou o principal partido de oposição nesta sexta-feira, 31. A população foi às urnas na quarta-feira, quando as manifestações eclodiram, em meio à tentativa da presidente Samia Suluhu Hassan de fortalecer o seu domínio no país. Candidatos da oposição foram barrados da disputa, ao passo que críticos da administração Hassan foram sequestrados e presos antes do pleito. O bloco adversário pede por um governo de transição que permita eleições justas.
“Neste momento, o número de mortes em Dar es Salaam ronda os 350 e em Mwanza ultrapassa os 200. Somando-se aos números de outras localidades do país, o total aproxima-se dos 700”, afirmou o porta-voz do partido da oposição Chadema, John Kitoka, à agência de notícias francesa Agence France-Presse (AFP), informando que os dados foram obtidos através de uma rede de membros da sigla que foram a hospitais e “contavam os mortos”.
Kitoka também alertou que o número de vítimas deve aumentar, uma vez que os assassinatos também aconteciam ao longo do toque de recolher noturno, imposto na quarta. Ele exigiu que o governo “pare de matar nossos manifestante”, apelando: “Parem com a brutalidade policial. Respeitem a vontade do povo, que é a justiça eleitoral”. Uma fonte de segurança disse à AFP que há relatos de “talvez entre 700 e 800 (mortos) em todo o país”.
Em abril, Tundu Lissu, vice-presidente do Chadema, foi preso e acusado de traição e crimes cibernéticos. O partido, que pediu por boicotes às eleições para pressionar reformas no sistema eleitoral foi impedido mais tarde de participar do pleito. No mês passado, Luhaga Mpina, líder do ACT-Wazalendo, outro partido da oposição, também foi desqualificado. Com isso, Hassan concorrerá com adversários menos conhecidos e de partidos menores, sem força para derrotá-la.
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ONU está ‘alarmada’
Segundo o jornal britânico The Guardian, multidões atacaram a polícia e destruíram propriedades de empresas ligadas ao partido no poder. A princípio, os atos estavam concentrados na cidade portuária de Dar es Salaam, mas logo se espalharam pelo país. Em resposta, o governo impôs o toque de recolher e interrompeu a internet, de forma afetar toda a Tanzânia, de acordo com o monitor global NetBlocks. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH, na sigla em inglês) disse estar “alarmado” com a situação.
“Estamos alarmados com as mortes e os ferimentos ocorridos nos protestos relacionados às eleições na Tanzânia. Os relatos que recebemos indicam que pelo menos 10 pessoas foram mortas”, disse o porta-voz de direitos humanos da ONU, Seif Magango, a jornalistas em Genebra, com base em “fontes confiáveis”.
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