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Chanceler britânico renuncia e diz que May está sufocando sonho do Brexit

Saída do segundo ministro do gabinete britânico em 24 horas enfraquece governo de Thereza May; parlamentares pedem formação de novo governo

Por Da Redação
Atualizado em 9 jul 2018, 19h44 - Publicado em 9 jul 2018, 16h08

O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou nesta segunda-feira ao cargo e anunciou a decisão sem dar tempo para qualquer reação de Downing Sreet, escritório oficial da primeira-ministra, Theresa May. Esta foi a segunda baixa no gabinete de May entre os favoráveis a um Brexit duro. Na noite de domingo (8), o próprio ministro para o Brexit, David Davis, deixara seu cargo. E outros ameaçam deixar o governo.

“A primeira-ministra aceitou a renúncia de Boris Johnson como ministro de Relações Exteriores”, afirmou um porta-voz de Downing Street que, mais tarde, anunciou a escolha do ex-ministro da Saúde, Jeremy Hunt, para suceder Johnson. Em nota, acrescentou que May “agradece a Boris por seu trabalho” à frente do Foreign Office, onde chegou em julho de 2016, menos de um mês depois do referendo no qual 51,9% dos eleitores se pronunciaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.

Depois dessa segunda renúncia em seu gabinete, May passou horas no Parlamento defendendo sua nova estratégia de Brexit, fechada na última sexta-feira. Seu governo se vê fragilizado pela questão mais impactante para a vida política e econômica do Reino Unido, a ser materializada em março de 2019. Nos debates, ela disse que “vai lutar” contra iniciativa do Parlamento de derrubar seu governo.

Ex-prefeito de Londres, Johnson era uma das figuras mais ativas da campanha pela saída radical do Reino Unido da União Europeia. Assim como ocorreu com Davis, o acordo de sexta-feira foi a gota d’água. O texto prevê a formação de uma “área de livre-comércio” com a União Europeia, como meio de evitar atritos na fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, bem como a adoção de uma política favorável à imigração.

May planeja enviar o plano na próxima quinta-feira à União Europeia, junto com outros detalhes da postura britânica sobre a futura relação com o bloco europeu. Essas regras, se aprovadas, seriam aplicadas ao término do período de transição de 21 meses posteriores ao Brexit, previsto para 29 de março de 2019.

Segundo a emissora BBC, durante o encontro a portas fechadas Johnson argumentou que o plano de May transformaria o Reino Unido em um “Estado vassalo” ou uma “colônia” ao se comprometer a cumprir o “livro de normas” da União Europeia sobre o comércio de bens.

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Em sua carta de saída, divulgada ao público antes da confirmação de sua demissão por Downing Street, Jonhson afirmou que May está liderando um “semi-Brexit” e que o sonho de separação do Reino Unido da União Europeia “está morrendo, sufocado por dúvidas desnecessárias”.

O secretário do Brexit, David Davis, pediu demissão no domingo à noite com as mesmas críticas, afirmando que não concordava com a posição do Reino Unido e por isso não fazia sentido continuar como seu negociador. Em entrevista à rede britânica, Davis disse que o país está cedendo muito e com muita facilidade. Para seu posto, May nomeou Dominic Raab, outro defensor do Brexit radical.

Theresa May defendeu seu plano para a saída, argumentando que está propondo o “Brexit certo”, no qual respeita os compromissos firmados sobre moeda, fronteiras e leis, mas protegendo a economia com uma “partida suave”. Duas propostas encaminhadas por Bruxelas foram recusadas por Londres.

As duas renúncias abrem caminho para uma crise política sem precedentes no governo de Theresa May. Vários deputados conservadores, assim como a oposição trabalhista, pediram a renúncia de May logo após a saída de Davis. Thereza May fará, ainda hoje, uma defesa de seu governo e de seu novo plano para o Brexit para a bancada de partido, o Conservador e Unionista (Tory).

(Com EFE)

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