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Chefe de agência de saúde dos EUA se recusa a deixar cargo após ser demitida

Susan Monarez diz ter virado alvo de governo Trump por não endossar ordens 'anticientíficas', em particular em relação a vacinas

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 ago 2025, 09h48

Depois de ter sua demissão anunciada pelo governo de Donald Trump na quarta-feira 27, Susan Monarez, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), se recusou a deixar o cargo, mergulhando a principal agência de saúde pública dos Estados Unidos em um estado caótico. Segundo Monarez, ela se tornou “alvo” da Casa Branca por manter uma postura pró-ciência.

Monarez foi demitida do CDC na noite de quarta-feira, apenas um mês depois de assumir o cargo oficialmente. Um comunicado do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) não explicou o porquê da decisão.

“Susan Monarez não é mais diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Agradecemos a ela por seu serviço dedicado ao povo americano”, disse o HHS em um comunicado publicado nas redes sociais, sem assinatura. Os advogados da diretora emitiram uma declaração em resposta, afirmando que ela “não havia renunciado nem recebido notificação” da Casa Branca sobre sua demissão.

Pressões de Kennedy

Monarez parece ter entrado em conflito com Robert F. Kennedy Jr., o secretário de Saúde dos Estados Unidos, após se recusar a apoiar mudanças radicais nas políticas de vacinação do país que restringiram as recomendações e o acesso a imunizantes, de acordo com reportagens dos jornais americanos The Washington Post e New York Times.

“Primeiro, foram comitês consultivos independentes e especialistas de carreira. Depois, foi a demissão de cientistas experientes. Agora, o secretário Kennedy e o HHS estão de olho em usar a saúde pública como arma para ganhos políticos e colocar milhões de vidas americanas em risco”, disseram em comunicado os advogados de Monarez, Mark Zaid e Abbe David Lowell. “Quando a diretora do CDC se recusou a aprovar diretivas anticientíficas e imprudentes e a demitir especialistas em saúde dedicados, ela escolheu proteger o público em vez de servir a uma agenda política. Por isso, ela foi alvo.”

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A demissão desencadeou uma onda de baixas dentro da agência. Pelo menos três outros líderes do CDC vieram a público para renunciarem a seus cargos após o anúncio do HHS. A carta de demissão mais explosiva veio de Demetre Daskalakis, médico que deixou o cargo de diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias, de acordo com o Inside Medicine, um boletim informativo do setor.

“Não posso mais exercer esta função devido à contínua instrumentalização da saúde pública. Vocês são a melhor equipe com a qual já trabalhei e continuam a brilhar apesar desta nuvem negra sobre a agência e nossa profissão”, escreveu Daskalakis em declaração obtida pelo Inside Medicine. “Por favor, cuidem de si mesmos e de suas equipes e tomem as decisões certas para si mesmos.”

Essas preocupações foram ecoadas por outra líder do CDC que está de saída, a diretora médica Deb Houry, que escreveu: “Para o bem da nação e do mundo, a ciência no CDC nunca deve ser censurada ou sujeita a pausas ou interpretações políticas.”

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Daniel Jernigan, que dirigia o Centro de Doenças Infecciosas Zoonóticas Emergentes, também deixou a agência.

Restrições à vacinação

Horas antes de Monarez ser destituída, Kennedy estava comemorando as decisões da FDA (a Anvisa americana), que na quarta-feira revogou a autorização do uso emergencial das vacinas contra a covid-19 fabricadas pela Pfizer, Moderna e Novavax — que, juntas, segundo dados do CDC, salvaram 3,2 milhões de vidas nos Estados Unidos durante a pandemia. A aplicação dos imunizantes agora é proibida para pessoas com menos de 65 anos, exceto aquelas com comorbidades. E mesmo os idosos só poderão obter vacinas se o painel consultivo, reformulado por Kennedy para incluir oponentes da vacinação contra a covid, votar pela sua aprovação.

Monarez, foi a 21ª diretora da agência e a primeira a precisar ser aprovada pelo Senado após uma lei de 2023. Ela foi nomeada diretora interina em janeiro e, em março, indicada ao cargo oficialmente por Trump, que desistiu abruptamente de sua primeira escolha, David Weldon. Ela tomou posse em 31 de julho – há menos de um mês – tornando-se a diretora do CDC com o mandato mais curto na história da agência, que existe há 79 anos.

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Especialistas em saúde pública estão soando o alarme diante do caos instaurado na agência de saúde pública.

“O que está acontecendo no CDC deveria assustar todos os americanos, independentemente de sua inclinação política. Não está claro se a diretora do CDC – confirmada há apenas algumas semanas – foi demitida ou não”, postou Craig Spencer, médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Brown. “E profissionais de carreira incríveis renunciaram esta noite, soando um alarme enorme”, acrescentou. “Isso é puro caos que deixa o país despreparado.”

“Robert F. Kennedy Jr. está se tornando cada vez mais um fardo para a Casa Branca”, observou Jonathan Reiner, cardiologista e professor de medicina na Universidade George Washington, enquanto Ashish Jha, assessor do governo Joe Biden que foi um dos coordenadores da resposta ao coronavírus falou em uma “implosão total” no CDC devido ao secretário Kennedy. “Desastre completo”, disparou.

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