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Chile anuncia plebiscito para nova Constituição em abril de 2020

Após quase um mês de protestos, governo questionará à população se uma nova Carta Magna deve ser elaborada. A atual remota ao período de Pinochet

Por Da Redação Atualizado em 15 nov 2019, 06h51 - Publicado em 15 nov 2019, 06h26
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  • Congressistas chilenos anunciaram, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira 15, que o país realizará um plebiscito em abril de 2022 para estabelecer uma nova Constituição, substituindo a atual que remota ao período de ditadura militar. A medida é uma resposta do governo após quase um mês de protestos pelo país, que deixaram ao menos 22 mortos.

    O plebiscito deve questionar primeiramente se a população está de acordo com a formulação de uma nova Constituição. Aos eleitores que responderam que sim, o modelo deve perguntar também quem deve formar a assembleia constituinte: apenas cidadãos eleitos para essa função ou uma comissão mista incluindo congressistas.

    A atual Constituição chilena foi aprovada em 11 de setembro de 1980 em um polêmico plebiscito durante o regime militar Augusto Pinochet (1973-1990). Seu idealizador foi o professor de direito e senador de extrema direita Jaime Guzmán, assassinado em 1991 por um comando de extrema esquerda.

    O texto fundamental da Carta Magna foi orientado para manter os setores mais conservadores da sociedade no poder, inclusive após o fim da ditadura, e exige um quórum elevado para qualquer emenda. As leis estabelecem, ainda, um sistema eleitoral binominal de deputados e senadores que favoreceu particularmente os partidos de direita.

    Apesar da transição política, Augusto Pinochet (1915-2006) não abandonou a política realmente até dez anos após o fim do regime militar, permanecendo como comandante do Exército até 1998 e no Senado até 2001.

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    Durante a transição, os partidos políticos democráticos “tiveram que negociar a aceitação da Constituição de 1980, a Constituição da ditadura. E isto condicionou todo o processo político. É claro que pode ter havido prudência política, evitando problemas na transição”, disse Domingo Lovera, professor de Direito Constitucional na Universidade Diego Portales.

    Desde a década de 90, a Constituição chilena foi emendada dezenas de vezes. A reforma de 2005 eliminou os princípios mais antidemocráticos, como exonerar os comandantes militares sem consulta prévia ao Conselho Nacional de Segurança, e adotou a eleição direta dos senadores.

    Esta reforma fundamental se produziu sob o mandato do presidente de centro esquerda Ricardo Lagos (2000-2006), após um importante acordo político.

    A presidente socialista Michelle Bachelet, em seu segundo mandato (2014-2018), submeteu à votação uma mudança no sistema eleitoral que substituiu a eleição binominal por um sistema proporcional moderado, garantindo uma representação mais ampla das forças políticas.

    A atual Constituição não prevê que saúde, educação e previdência – os três pilares das reivindicações dos manifestantes – sejam atribuições do setor privado, “mas estabelece princípios que limitam a ação do Estado e promovem a atividade privada”, explica o professor de direito constitucional Sebastián Zárate, da Universidade de los Andes.

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    Dias após assumir seu segundo mandato, em 2018, o governo de Sebastián Piñera anunciou que não permitiria a revisão do projeto de lei apresentado ao Congresso por Bachelet para reformar a Constituição.

    Este projeto incluía a inviolabilidade dos direitos humanos, o estabelecimento do direito à saúde e à educação, e a igualdade salarial para homens e mulheres.

    Diante da pressão das ruas Piñera teve que aceitar o princípio das emendas constitucionais, mas até o momento tem descartado a ideia de uma Assembleia Constituinte, como exigem a oposição, várias organizações sociais e os manifestantes, que também querem uma “ampla participação popular” para garantir a “legitimidade” do novo texto.

    Piñera prefere um “Congresso Constituinte”, que não definiu como será. A ideia de uma Assembleia Constituinte não é nova. Já havia entrado no debate da campanha eleitoral de 2013, quando um movimento da sociedade civil chamado de “Marca seu voto” propôs aos eleitores escrever “AC” (Assembleia Constituinte) nas cédulas de votação.

    (Com AFP)

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