O embaixador da China na Rússia, Zhang Hanhui, chamou os Estados Unidos de “principal instigador” da crise na Ucrânia nesta quarta-feira, 10. Em entrevista à agência de notícias estatal russa TASS, o funcionário chinês acusou Washington de pressionar Moscou com repetidas investidas da Otan na região, além de buscar alinhar a Ucrânia com a União Europeia.
“Como iniciador e principal instigador da crise ucraniana, Washington, enquanto impõe sanções abrangentes sem precedentes à Rússia, continua a fornecer armas e equipamentos militares à Ucrânia. O objetivo final deles é esgotar e esmagar o país com uma guerra prolongada e o porrete de sanções”, disse Hanhui.
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A opinião do embaixador corrobora um dos maiores argumentos do Kremlin para ter iniciado a invasão, de que o país estava cada vez mais isolado devido à constante expansão da Otan, a principal aliança militar ocidental, em direção à Europa oriental. Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, Rússia e China estreitaram suas relações e têm se tornado parceiros, com os chineses se recusando a condenar o conflito.
Ainda em fevereiro, poucos dias antes do início da invasão, o presidente russo, Vladimir Putin, viajou a Pequim para se encontrar com o líder chinês, Xi Jinping, enquanto o Exército se mobilizava nas fronteiras ucranianas, em uma confirmação de que as duas nações estavam moldando uma parceria “sem limites”.
Durante a entrevista, Hanhui disse que a relação entre Moscou e Pequim entrou “no melhor período da história, caracterizada pelo mais alto nível de confiança mútua, o mais alto grau de interação e a maior importância estratégica”.
Ele criticou também a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, dizendo que os americanos querem fazer com a ilha o mesmo que fizeram com a Ucrânia, estimulando um confronto de grandes proporções e “revivendo uma mentalidade de Guerra Fria”.
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“A não intervenção nos assuntos internos é o princípio mais fundamental para manter a paz e a estabilidade em nosso mundo”, disse o embaixador.
Na última segunda-feira, 8, as Forças Armadas da China anunciaram novos exercícios perto de Taiwan, incluindo ataques antissubmarino e operações marítimas, apenas um dia depois do fim dos seus principais exercícios com munições reais contra o território. O Ministério da Defesa também defendeu o arquivamento das negociações militares com os Estados Unidos em protesto contra a visita de Pelosi a Taipei.
Na semana passada, o Exército de Libertação Popular usou exercícios militares para pressionar Taiwan, com previsão de término para o domingo 7. Os alertas da ilha chegaram a ser retirados e o tráfego marítimo e aéreo foi retomado normalmente, mas o Comando do Teatro Oriental da China anunciou que realizaria mais exercícios, confirmando temores de analistas de segurança e diplomatas de que Pequim manteria pressão sobre as defesas de Taiwan.
Em meio às respostas furiosas, a China também cancelou negociações formais com os Estados Unidos para coordenação de políticas de defesa e consultas marítimas militares, quando Pelosi deixou a Ásia após uma turnê de alguns dias.
O porta-voz do Ministério da Defesa da China, Wu Qian, defendeu a decisão de suspender os canais de negociações militares.
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“A atual situação tensa no estreito de Taiwan é inteiramente provocada e criada pelo lado dos Estados Unidos por sua própria iniciativa, e o lado dos Estados Unidos deve assumir total responsabilidade e sérias consequências por isso. Comunicação requer sinceridade”, disse Wu.