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China adverte EUA contra instalação de mísseis na Ásia

Secretário de Defesa americano afirmou ser favorável à instalação de armamentos; Washington e Pequim travam guerra comercial, tecnológica e monetária

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h41 - Publicado em 6 ago 2019, 12h53

A China ameaçou nesta terça-feira, 6, retaliar caso os Estados Unidos instalem mísseis na região Ásia/Pacífico, após Washington demonstrar intenções de instalar novos armamentos na área “o mais rápido possível”.

O governo chinês está envolvido em uma guerra comercial, tecnológica e monetária com os Estados Unidos. A tesão sofreu uma escalada desde que Washington anunciou tarifas adicionais de 10% sobre 300 bilhões de dólares de produtos chineses na semana passada, e Pequim retaliou com a desvalorização do yuan, que derrubou mercados pelo mundo.

Wall Street teve seu pior dia do ano nesta segunda-feira 5, com queda de 2,90% do Dow Jones, 3,47% do Nasdaq e 2,98% do S&P 500. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou com queda de 2,51%.

O gigante asiático também denuncia com frequência a presença militar americana na Ásia, promovida por países aliados de Washington, como Japão, Coreia do Sul e Austrália.

Nesta terça, sem uma menção direta, a diplomacia chinesa atacou o novo secretário de Defesa americano, Mark Esper, que no sábado afirmou ser favorável à instalação de novos mísseis americanos na Ásia.

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“A China não ficará de braços cruzados e será obrigada a adotar medidas caso os Estados Unidos instalem mísseis de médio alcance nesta região do mundo”, advertiu o diretor do departamento de Controle de Armas da chancelaria chinesa, Fu Cong.

“Apelamos aos países vizinhos para que mostrem prudência e não permitam a instalação de mísseis americanos em seu solo, porque isto não estaria de acordo com sua própria segurança nacional”, completou o diretor.

Questionado sobre a reação chinesa, Esper tentou suavizar suas declarações de sábado e afirmou que não há nenhum país que deve receber mísseis. “Ainda estamos muito longe disso. Vai levar alguns anos antes que possamos instalar mísseis operacionais”, disse nesta terça.

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Alguns analistas acreditam que Washington poderia instalar os novos mísseis em sua ilha de Guam, no Pacífico. Fu alertou que isto seria o equivalente a posicioná-los “na porta da China”.

“Se instalarem mísseis em uma faixa de terra como Guam, isto será interpretado como altamente provocador por parte dos Estados Unidos. Seria muito perigoso”, avisou o funcionário chinês. Guam fica a quase 3.000 km da China.

As declarações de Fu recordam a crise dos mísseis soviéticos em Cuba em 1962, quando o mundo ficou à beira de um conflito nuclear, depois que Washington se recusou a aceitar que Moscou instalasse mísseis perto de seu território (a apenas 150 km).

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O governo dos Estados Unidos se retirou na sexta-feira 2 do Tratado de Armas Nucleares Intermediárias (INF, na sigla em inglês), assinado entre Washington e Moscou durante a Guerra Fria para vetar os mísseis de médio alcance (de 500 a 5.500 km).

O alvo americano com o fim do acordo não é a Rússia, mas sim a China. Ao abandonar o INF, Washington fica livre para tentar conter o arsenal de Pequim, que já inclui modelos de mísseis de médio alcance proibidos por este tratado, do qual o regime chinês nunca foi signatário.

Fu Cong criticou a saída dos Estados Unidos do tratado e disse que era “uma nova prova de unilateralismo, que pode apenas ter consequências negativas”.

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O representante chinês afirmou que Washington abandonou o acordo apenas para poder “desenvolver suas capacidades balísticas” e não por causa do arsenal chinês ou por Moscou ter violado o texto, como alegou o governo americano.

Ele disse ainda que Pequim não participará em negociações trilaterais sobre a redução do armamento com Moscou e Washington, como desejam os americanos, por não considerar a iniciativa “equitativa”, em função da diferença entre o arsenal nuclear da China e dos Estados Unidos e da Rússia.

Na região Ásia-Pacífico, Pequim e Washington travam uma disputa pelo Mar da China Meridional, uma zona que os chineses reivindicam com sua, com a construção de instalações militares em ilhas que países vizinhos consideram parte de seu território.

(Com AFP)

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