O governo da China convocou neste sábado (22) o embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Terry Branstad, para apresentar uma queixa formal ao diplomata americano após as sanções impostas pela compra de armas russas, segundo informações do jornal oficial Global Times.
Desde a última quinta-feira (20), a Equipment Development Department (EDD), empresa responsável pelas armas e os equipamentos do exército chinês, está proibida de fazer transações financeiras nos EUA, além de exportar produtos a território americano e de ter todas as suas propriedades embargadas.
Retaliação aos laços com a Rússia
A decisão dos EUA ocorreu após o Departamento de Estado descobrir que a EDD comprou em 2017 e 2018 aviões de combate SU-35 e equipamentos relacionados com o sistema de mísseis de terra e ar s-400 da Rosoboronexport, estatal russa responsável pela maior parte das exportações de armamentos do país.
A medida faz parte das sanções impostas pelos EUA contra 33 pessoas e companhias pelos laços com o Kremlin, com o qual China defende que mantém trocas, incluídas as relacionados em defesa nacional, que respeitam as normas internacionais.
Após o anúncio da sanção, o governo chinês advertiu os EUA que as medidas configuram uma violação das normas internacionais e teriam consequências caso não fossem retiradas imediatamente.
Guerra comercial
Em outro episódio da guerra comercial entre China e EUA, o país asiático cancelou negociações comerciais com os americanos, programadas para os próximos dias, de acordo com pessoas ligadas ao assunto. A decisão reduz as perspectivas de resolução da batalha entre as duas maiores economias do mundo.
Originalmente, o vice-ministro de Comércio, Wang Shouwen, que liderou a equipe de negociação chinesa na última rodada, iria novamente aos EUA e, em seguida, o vice-premiê, Liu He, visitaria Washington entre 27 e 28 de setembro. Ambas as viagens foram canceladas, segundo fontes.
Na segunda-feira o presidente Donald Trump anunciou a imposição de novas tarifas sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas, provocando retaliação de Pequim, que decidiu taxar 60 bilhões de dólares em produtos americanos. Trump, então, optou por pressionar ainda mais a China ao colocar tarifas sobre outros 257 bilhões de dólares.
Os chineses afirmaram que não vão ceder à pressão. Ao se recusar a participar das negociações, Pequim está cumprindo sua promessa de evitar fazer negócio sob ameaça. Ainda assim, deixa aberta a possibilidade de entrar em novas negociações com Washington no mês que vem.
“Nada que os EUA fizeram deram qualquer impressão de sinceridade e boa vontade”, disse o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Geng Shuang ontem. “Esperamos que o lado americano tome medidas para corrigir seus erros.”
(Com EFE e Estadão Conteúdo)