China diz que será forçada a reagir a fechamento de consulado em Houston
Pequim classificou ação americana como um golpe entre as relações dos dois países e uma 'calúnia mal-intencionada'
Em mais um capítulo do tensionamento das relações entre Estados Unidos e China, Pequim alertou nesta quinta-feira, 23, que será forçada a reagir ao fechamento abrupto de seu consulado em Houston, no Texas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, a medida adotada pelo governo americano “prejudicou severamente” as relações entre os dois países.
Na quarta, Washington deu 72 horas para a China fechar o consulado, um dos cinco chineses em solo americano. Segundo um porta-voz do Departamento de Estado americano, a decisão foi tomada “para proteger a propriedade intelectual americana e as informações privadas dos americanos”.
ASSINE VEJA
Clique e AssineEm uma entrevista coletiva diária, o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, descreveu as acusações americanas como uma “calúnia mal-intencionada”.
“Em reação às ações insensatas dos EUA, a China precisa escolher uma reação necessária e salvaguardar seus direitos legítimos”, afirmou, sem especificar quaisquer medidas. “Isso está destruindo a ponte de amizade entre o povo da China e os EUA”.
De acordo com o jornal local South China Morning Post, o governo de Pequim pode fechar o consulado americano na cidade de Chengdu, no sudoeste do país. Segundo a agência Reuters, citando uma fonte, a China considera fechar o consulado americano em Wuhan, onde os EUA já retiraram seus funcionários no início do surto da Covid-19.
Os laços entre os dois países se deterioraram acentuadamente neste ano por conta de questões que vão do coronavírus e da gigante de equipamentos de telecomunicações Huawei às reivindicações de Pequim ao Mar do Sul da China e à sua repressão a Hong Kong. Mais cedo nesta semana, o governo dos EUA indiciou dois hackers chineses por supostos ataques cibernéticos a empresas envolvidas na busca de uma vacina contra o novo coronavírus. Pequim nega as acusações.
Editoriais veiculados na mídia estatal chinesa criticaram o fechamento do consulado em Houston, afirmando ser uma tentativa de culpar Pequim por fracassos dos EUA antes da eleição presidencial de novembro. Segundo a pesquisa mais recente da ABC News/The Washington Post, Trump estaria 15 pontos percentuais atrás do democrata entre eleitores registrados. Em outra pesquisa, realizada pela Reuters/Ipsos em 14 e 15 de julho, Biden aparece um pouco mais atrás, mas ainda com 10 pontos percentuais de vantagem.
O China Daily, diário em inglês controlado pelo governo, descreveu as ações americanas recentes como “uma nova aposta na tentativa do governo dos EUA de pintar a China como um ator malévolo no cenário mundial, logo, torná-la uma fora da lei perante a comunidade internacional”.
“Esta ação mostra que, estando atrás de seu adversário na eleição presidencial nas pesquisas (…) o líder dos EUA está apostando todas as suas fichas para retratar a China como um agente do mal”, afirmou o jornal.
(Com Reuters)