A China está construindo um segundo campo de silos para lançamento de mísseis nucleares em seus desertos ocidentais, de acordo com um novo estudo feito por pesquisadores da Federação de Cientistas Americanos. Segundo eles, o desenvolvimento representa “a expansão mais significativa do arsenal nuclear chinês em todos os tempos”, e levanta preocupações sobre o compromisso de Pequim com sua estratégia de “dissuasão mínima”.
A conclusão dos pesquisadores americanos foi feita após análise de imagens de satélites comerciais. Na segunda-feira, 27, eles afirmaram que o campo, localizado próximo à cidade de Hami, na província de Xinjiang, pode incluir eventualmente cerca de 110 silos. O ponto teria sido escolhido por estar suficientemente longe da costa chinesa para que não possam ser atingidos por mísseis de cruzeiro convencionais disparados a partir do Pacífico.
Este é o segundo possível campo de silo citado por pesquisadores neste mês e se soma a outros 120 silos que podem estar em construção na província vizinha de Gansu, segundo dados do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, sediado na Califórnia.
With 120 silos under construction at Yumen, 110 at Hami, a dozen at Jilantai, and possibly more in existing DF-5 deployment areas, the PLARF appears to have ~250 silos under construction – more than 10x the number of ICBM silos in operation today. https://t.co/X1ylyhlphR
— Federation of American Scientists (@FAScientists) July 27, 2021
“O número de novos silos chineses em construção supera o número de silos para mísseis balísticos intercontinentais operados pela Rússia, e representa mais da metade do número de toda a força de mísseis balísticos intercontinentais dos Estados Unidos”, escreveram. “O novo programa de silos para mísseis chineses representa a construção mais extensiva de silos desde as construções para mísseis americanos e soviéticos durante a Guerra Fria”.
Segundo dados do Stockholm International Peace Research Institute, a China possui cerca de 350 ogivas nucleares. Estados Unidos e Rússia possuem 5.550 e 6.255, respectivamente.
Autoridades chinesas afirmam que o Pequim não usará armas nucleares a menos que seja atacada primeiro, e que servem apenas como elemento de dissuasão perante ameaças, sendo “o mínimo necessário para salvaguardar a segurança nacional”.
No entanto, os pesquisadores destacaram que ainda é incerto como a China irá operar os novos silos, à medida que não se sabe se todos estarão armazenados com mísseis ou uma parte ficará vazia, como “chamariz”.
A conclusão dos pesquisadores foi endossada pelo Pentágono. Em publicação no Twitter, o Comando Estratégico dos EUA afirmou que “o público descobriu o que dizíamos todo o tempo sobre a ameaça crescente enfrentada pelo mundo e o véu de segredos que a cerca”.