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China prende crítico do presidente Xi Jinping

Professor universitário publicou ensaio em que critica a gestão do surto de coronavírus pelo governo e as tentativas do presidente de expandir seu poder

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jul 2020, 12h23 - Publicado em 6 jul 2020, 12h07

A China utilizou mais uma vez seus métodos de repressão para silenciar críticos do Partido Comunista em seu território. As autoridades chinesas prenderam nesta segunda-feira, 6, um professor de Direito que publicou ensaios desaprovando a gestão da pandemia do coronavírus do presidente Xi Jinping e seus esforços para consolidar seu poder. A informação foi confirmada por fontes ligadas ao docente.

Xu Zhangrun, um dos escassos críticos públicos do governo chinês, foi levado de sua casa, na periferia de Pequim, por mais de 20 pessoas, relatou um de seus amigos, que pediu para não ser identificado. Em fevereiro, Xu publicou um ensaio, criticando a cultura de engano e censura de Xi, após o surgimento do coronavírus na China.

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O professor de Direito da Universidade de Tsinghua, uma das mais importantes instituições acadêmicas do país, já tinha criticado em 2018 a abolição do limite nos mandatos presidenciais. O texto circulou na Internet.

O amigo disse que uma pessoa, que dizia ser um policial, telefonou para a esposa de Xu – que vivia em outra residência da universidade – para lhe informar que ele havia sido detido por, supostamente, solicitar o serviço de prostituição na cidade de Chengdu, ao sudoeste do país.

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“Solicitar prostitutas é um método de estigmatizar”, disse Wang Bin, amigo do professor, segundo o jornal South China Morning Post. “Sei que eles estavam se preparando para levar Xu desde que ele publicou os artigos [contra as autoridades em Pequim]”.

Xu visitou Chengdu no inverno passado com vários colegas. O amigo de Xu garante que as acusações contra o professor são “ridículas”.

Esta não é a primeira vez que o professor é repreendido por suas críticas. Em 2019, Xu foi suspenso da Universidade Tsinghua, onde lecionava, depois de ter publicado um artigo criticando a decisão do governo central de acabar com o limite de dois mandatos presidenciais.

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No início do ano, diversos médicos da cidade de Wuhan, primeiro epicentro do coronavírus na China, foram repreendidos por tentar alertar sobre o perigo da doença.

O médico Li Wenliang alertou em dezembro sobre o surgimento de um novo coronavírus, em uma postagem em um grupo de ex-alunos na rede social WeChat, foi acusado pela polícia de Wuhan de disseminar rumores. Ele foi convocado a assinar uma carta de reprimenda na qual foi responsabilizado por “espalhar boatos online” e “perturbar gravemente a ordem social”. O médico faleceu de Covid-19 em fevereiro.

Não é segredo que a China controla qualquer tipo de protesto ou insatisfação em massa e restringe, e muito, o acesso de seus cidadãos a determinados conteúdos. A censura controla todos os meios de comunicação e barra a publicação de reportagens críticas ao Partido Comunista no continente.

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A internet também é controlada, por meio do “Escudo Dourado”, um firewall, sistema de segurança que bloqueia sites que contenham certas palavras consideradas “perigosas” pelo governo. Os sites bloqueados entram em uma espécie de lista negra e, a partir deles, tenta-se chegar a outras URLs “subversivas”

Agora, o governo chinês está atacando cada vez mais seus críticos, entre representantes de governos estrangeiros, funcionários de empresas e universidades estrangeiras, ou qualquer um que manifeste – real ou virtualmente – suas discordâncias.

(Com AFP)

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