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China recebe apoio da Coreia do Norte em meio a tensões em Hong Kong

Manifestações pró-democracia desafiaram as ordens de Pequim após aprovação de nova lei. Imprensa na ex-colônia britânica teme censura

Por Da Redação Atualizado em 5 jun 2020, 17h02 - Publicado em 5 jun 2020, 16h20
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  • Em meio a uma série de tensões causadas pelo aumento do poder da China sobre o território semiautônomo de Hong Kong, Pequim ganhou um aliado público nesta sexta-feira, 6. O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte se reuniu com o embaixador chinês para expressar apoio às medidas chinesas, informou a agência de notícias estatal KCNA, de Pyongyang. 

    O ministro das Relações Exteriores, Ri Son Gwon, disse que a questão de Hong Kong era um assunto interno e que a interferência estrangeira violava a soberania da China e o direito internacional. “Ele ressaltou que a RPDC sempre apoiará positivamente a posição do partido e do governo chinês”.

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    O embaixador chinês Li Jinjun expressou gratidão pelo apoio. A manifestação da Coréia do Norte ocorreu dias depois de Pequim impor uma nova lei de segurança nacional a Hong Kong, que foi acusada por países ocidentais de restringir as liberdades na ex-colônia britânica.

    A Coreia do Norte considera que os Estados Unidos não estão em posição de criticar a China em um momento em que Washington ameaça “soltar cães” para reprimir protestos antirracismo, uma referência a um tweet do presidente americano Donald Trump. Dias antes, os governos da China e de Hong também denunciaram “dois pesos e duas medidas” por parte dos americanos ao tratar dos conflitos na Ásia e na América do Norte. No último dia 29, a Casa Branca retirou o status especial de comércio com Hong Kong— responsável por 65% dos investimentos chineses —, uma vez que não reconhece mais a autonomia do território em relação à Pequim. 

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    Por mais de seis meses, Hong Kong foi inundada por protestos contra a proposta de lei de extradição que abria margem, segundo os manifestantes, para perseguição política por parte de Pequim. A maioria dos atos nas ruas terminou em violência, com acusações de brutalidade policial. Os Estados Unidos, assim como outros países Ocidentais, criticaram a gestão da crise no território e acusaram a China de atentar contra a autonomia da região.

    A proposta foi primeiramente engavetada, mas durante a reunião anual do Parlamento chinês em Pequim em maio deste ano, uma nova legislação de segurança nacional foi aprovada. A medida abre a possibilidade de o governo central passar por cima da autonomia de Hong Kong. Na prática, o governo chinês antecipa em 27 anos a retomada da influência no cotidiano de Hong Kong – o território era um protetorado do Reino Unido até 1997, quando os britânicos saíram da região e assinaram um acordo com Pequim no qual a China continental deixaria a região ter autonomia por meio século, até 2047.

    As tensões cresceram na última quinta-feira, 4, quando milhares de manifestantes acenderam velas e gritaram frases a favor da democracia em Hong Kong, desafiando a proibição de uma vigília em memória das vítimas da repressão da Praça da Paz Celestial. Pela primeira vez em três décadas, a polícia não autorizou a vigília tradicional, alegando os riscos oferecidos pela Covid-19. A vigília é organizada todos os anos na ex-colônia britânica e atrai muitas pessoas para recordar a violenta repressão do Exército chinês na madrugada de 4 de junho de 1989, nas imediações da famosa praça de Pequim.

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    Também na quinta-feira, o Parlamento de Hong Kong aprovou uma polêmica lei que prevê punições penais a qualquer ofensa ao hino chinês, uma norma que a oposição pró-democracia denuncia como mais uma tentativa de Pequim de acabar com a autonomia parcial da ex-colônia britânica. A nova lei, que deve ser ratificada pela chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, prevê até três anos de prisão para quem desrespeitar o hino.

    Imprensa livre ameaçada

    O crescimento das tensões políticas, aliado ao cancelamento de um famoso programa satírico de TV em Hong Kong, provocou medo entre jornalistas do país de que a pressão do governo chinês possa minar a independência da imprensa local.

    Em maio, o programa Headlines, da Radio Television Hong Kong (RTHK), que estava havia mais de 30 anos no ar, foi surpreendentemente excluído da grade de programação. Alguns funcionários exigiram saber os motivos e, segundo a agência Reuters, ouviram dos chefes que era para “proteger a RTHK”. A emissora fundada em 1928  é o único meio de mídia independente e com financiamento público em solo chinês.

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    A situação “é como estar sob a lâmina de uma guilhotina”, disse Jimmy Lai, editor do jornal pró-democracia Apple Daily, de Hong Kong, que como a RTHK, há anos atrai a ira dos governos de Hong Kong e Pequim. Lai, de 72 anos, foi denunciado repetidamente pela mídia estatal de Pequim e pela mídia pró-China em Hong Kong, pintando-o como protagonista de uma suposta campanha de interferência dos Estados Unidos. Ele foi detido duas vezes este ano.

    Lai e alguns outros membros da mídia temem que a nova legislação – cujos detalhes ainda não se tornaram públicos – torne Hong Kong mais parecida com a China continental, onde o Partido Comunista administra ou controla a grande maioria da mídia e censura rotineiramente as opiniões divergentes. O país prendeu pelo menos 48 jornalistas no ano passado, mais do que qualquer outro país, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

    (com agências Reuters e AFP)

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