China responde às tarifas de Trump e diz que não será ‘intimidada’ pelos EUA
Movimentações colocam as duas maiores economias do mundo mais perto de uma guerra comercial total

Poucas horas após tarifas impostas pelo governo de Donald Trump entrarem em vigor, nesta terça-feira 4, a China anunciou uma retaliação com aumentos nas taxas de importação cobrindo 21 bilhões de dólares em produtos agrícolas e alimentícios americanos. As movimentações colocam as duas maiores economias do mundo mais perto de uma guerra comercial total.
“Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo e um engano”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em uma entrevista coletiva em Pequim, acrescentando que a China nunca irá sucumbir à “intimidação” ou “coerção”. Além das tarifas, Pequim também impôs restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, por motivos de segurança nacional.
A resposta chinesa inclui tarifas adicionais de 15% sobre frango, trigo, milho e algodão dos EUA e uma taxa extra de 10% sobre soja, carne suína, carne bovina, produtos marinhos, frutas, vegetais e laticínios dos EUA a partir de 10 de março.
Como anunciado na semana passada, os Estados Unidos impuseram tarifas sobre México, Canadá e China na madrugada desta terça-feira. No caso da China, o governo Trump dobrou imposto para um extra de 10%, resultando em uma tarifa cumulativa de 20%, em resposta ao que a Casa Branca considera como inação chinesa sobre o fluxo de drogas que entram em território americano.
A tarifa de 20% atingirá diversas importações importantes de eletrônicos de consumo dos EUA vindas da China que antes escapavam ilesas, de smartphones e laptops a consoles de videogame, smartwatches, alto-falantes e dispositivos Bluetooth.
A China, por sua vez, acusa a Casa Branca de “chantagem” pelo aumento de tarifas, dizendo que tem uma das políticas antidrogas mais rígidas do mundo.
Além de China, Canadá e México, Trump anunciou na semana passada que planeja aplicar tarifas de 25% à União Europeia (UE), bloco que, segundo ele, foi “criado para prejudicar os Estados Unidos”. Em sua primeira reunião de gabinete no novo mandato, o republicano disse que daria mais detalhes sobre a decisão “em breve”, embora tenha citado que as taxas englobariam “carros e outras coisas”.
A agência de notícias Bloomberg estimou que o novo cerco de Trump pode atingir até 29,3 bilhões de dólares (mais de 169 bilhões de reais) das exportações dos 27 membros do grupo. No início do mês, a Comissão Europeia, braço executivo do bloco, já havia afirmado que “não vê justificativa para a imposição de tarifas” e prometeu retaliações “para proteger os interesses de empresas, trabalhadores e consumidores europeus de medidas injustificadas”.