China sabia das intenções da Rússia na Ucrânia e pediu para adiar invasão
Segundo The New York Times, funcionários chineses solicitaram que ataque ocorresse depois de Olimpíadas de Inverno

Um relatório de inteligência produzido por países do ocidente informa que altos funcionários do governo chinês pediram a integrantes do alto comissariado da Rússia que não invadissem a Ucrânia antes do término dos Jogos Olímpicos de Inverno, que ocorreram em fevereiro, em Pequim. A informação foi divulgada pelo jornal The New York Times, que cita como fontes integrantes do governo Biden e um funcionário de um país europeu, sem detalhar qual.
O documento indica ainda que o governo da China tinha algum conhecimento sobre os planos de Vladimir Putin. O presidente russo e o chinês, Xi Jinping, se encontraram na abertura das Olimpíadas de inverno, no dia 4 de fevereiro, que ganhou ares de cúpula internacional. A invasão à Ucrânia ocorreu em 21 do mês passado, um dia depois do encerramento do evento. Segundo o jornal americano, no entanto, os funcionários que receberam o relatório têm interpretações diferentes ao considerar se os dois mandatários trataram da guerra.
As duas nações celebraram um pacto que potencializa o centro gravitacional de poder da Ásia. No campo comercial, o acordo garante o fornecimento de gás e petróleo para a China nas próximas décadas, ao mesmo tempo em que opera como tábua de salvação econômica para a Rússia, diante das sanções internacionais impostas pelo ocidente.
Já na esfera geopolítica, os signatários se comprometem a apoiar-se mutuamente em disputas regionais que chamaram de “questões internas”. Leia-se: Pequim condenou a expansão da Otan, calcada em uma “abordagem ideologizada da Guerra Fria”, enquanto Moscou reconheceu que Taiwan – cujo status é delicado – faz parte dos domínios da China.
Oficialmente, o governo comunista vem mantendo uma postura de certa neutralidade no conflito. Defende uma saída negociada, mas evita chamar a presença militar de sua aliada na Ucrânia de invasão. A China se absteve de uma resolução condenando a Rússia nas Nações Unidas e se opôs às sanções apresentadas contra Moscou, por considerar que elas “não ajudam a resolver problemas, mas criam novos”.
Após o aumento da pressão internacional, o ministro de relações exteriores chinês ligou, na última terça-feira, para o chanceler ucraniano e expressou preocupação quanto à vida dos civis. Não houve, no entanto, qualquer condenação às ações ordenadas por Putin.
As críticas do corpo diplomático chinês, no entanto, não poupam os Estados Unidos. Recentemente, a porta-voz da chancelaria recuperou um episódio de 20 anos atrás, quando um ataque da Otan destruiu a embaixada chinesa em Belgrado, na Sérvia, em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas – oficialmente foi um erro de planejamento.