China volta a classificar protestos em Hong Kong como “terrorista”
EUA expressam preocupação com movimentação de 'forças paramilitares' para a fronteira e pedem o respeito de Pequim à autonomia da ilha
O governo da China criticou nesta quarta-feira, 14, as agressões “de tipo terrorista” contra cidadãos do continente em Hong Kong durante os confrontos no aeroporto internacional ocorridos terça-feira 13. As atividades no local e os vôos retomaram o ritmo normal nesta quarta-feira.
“Condenamos com veemência atos de tipo terrorista”, afirmou em comunicado Xu Luying, porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês.
Alguns manifestantes agrediram na véspera dois cidadãos da China continental durante o massivo protesto no aeroporto de Hong Kong, que suspendera os voos nos últimos dois dias. Em protestos pela 11º semana, os manifestantes querem a eliminação do projeto de lei que permite a extradição de cidadãos de Hong Kong para julgamento no continente e pedem a renúncia da governadora da ilha, Carrie Lam.
Com as novas acusações, Pequim qualifica as ações dos manifestantes pró-democracia ao “terrorismo” pela segunda vez em uma semana. O tom mais duro provoca o temor de uma repressão militar para sufocar o movimento na ilha. O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau afirmara na segunda-feira que os ataques de “manifestantes radicais” contra policiais representavam um “grave crime”, com mostras dos “primeiros sinais de terrorismo”.
Paramilitares
Nesta quarta, o Departamento de Estado americano afirmou que os Estados Unidos estão preocupados com “o envio de forças paramilitares” chinesas à fronteira com Hong Kong e querem que Pequim honre a autonomia da cidade. O Diário do Povo e o Global Times, dois jornais estatais chineses, divulgaram imagens de blindados transportando tropas a caminho de Shenzhen, a poucos quilômetros de Hong Kong, no sul da China.
O governo americano reiterou seu apelo para que todos os lados evitem a violência e disse ser importante o governo de Hong Kong respeitar “as liberdades de expressão e de reunião pacífica”.
“Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com relatos de movimentação paramilitar chinesa ao longo da fronteira de Hong Kong”, disse o porta-voz do departamento de Estado. “Os Estados Unidos fazem um apelo a Pequim com força a aderir aos seus compromissos de permitir que Hong Kong exercite um alto grau de autonomia”.
“Repudiamos a violência e pedimos que todos os lados mostrem comedimento, mas continuamos firmes em nosso apoio à liberdade de expressão e à liberdade de reunião pacífica em Hong Kong”, disse o porta-voz. “A erosão contínua da autonomia de Hong Kong põe em risco seu status especial longamente estabelecido nas relações exteriores”.
(Com Reuters e AFP)