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China x Índia: briga com pedras e porretes vira pior conflito em 45 anos

Atrito na fronteira deixou vinte vítimas e elevou a tensão entre as potências nucleares em meio à pandemia; Modi afirmou que mortes 'não serão em vão'

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jun 2020, 11h12 - Publicado em 17 jun 2020, 10h45
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  • As relações entre China e Índia se tornam cada vez mais tensas, após ao menos vinte militares indianos morreram em um confronto com o Exército chinês na disputada fronteira entre os dois países na segunda-feira 15. Este foi o primeiro embate com vítimas fatais entre os dois gigantes asiáticos nos últimos 45 anos.

    ‘Paus e pedras’

    De acordo com relatos de militares, o Exército indiano foi atacado com porretes de bambu, barras de ferro e pedras. “Eles usaram pedras e pedaços de bambus com pregos para atacar os soldados indianos, que não estavam preparados para o ataque”, afirmou uma fonte que não quis se identificar à emissora americana CNN. Nenhum disparo foi registrado.

    O confronto durou entre quatro e cinco horas, e no momento em que os reforços indianos chegaram ao local, muitos soldados já tinham perdido suas vidas, também por causa do frio. Os termômetros na região da fronteira muitas vezes chegam a temperaturas abaixo de zero.

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    Reação

    Em resposta ao ocorrido, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou nesta quarta-feira, 17, que a morte de seus soldados “não será em vão”. Disse ainda que a Índia “se orgulha dos militares que morreram lutando contra os chineses”. O premiê vinha sendo cobrado por membros de seu governo e da oposição por um posicionamento rígido.

    A China acusou a Índia de responsabilidade pelo incidente ao atravessar duas vezes a fronteira, mas não anunciou publicamente se o confronto deixou mortos do seu lado. Já oficiais do governo indiano afirmaram que a disputa começou depois de soldados chineses ergueram uma tenda no território disputado.

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    O conflito

    A história da China e da Índia é caracterizada por várias disputas territoriais que resultaram em três conflitos militares: em 1962, 1967 e 1987. Apesar de as duas potências asiáticas terem conseguido restaurar e ampliar laços diplomáticos e econômicos, elas mantêm uma relação que parece cada vez mais complicada.

    China e Índia estão separadas pela cordilheira do Himalaia e compartilham fronteiras com Nepal e Butão. Ao longo da fronteira há dois territórios em disputa. Na região de Ladakh, está Aksai Chin, região administrada pela China. Em seus mapas, o governo do Paquistão mostra Aksai Chin como uma região dentro da China e cataloga seus limites como “fronteira não definida”. A Índia, por sua vez, diz que a área está ilegalmente ocupada pela China.

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    Os dois países também disputam grande parte de Arunachal Pradesh, região localizada no noroeste da Índia. A China reivindica o controle sobre esse território porque o considera parte da região autônoma do Tibete.

    Os dois países se enfrentaram em uma guerra relâmpago em 1962. Os confrontos em zonas montanhosas entre os exércitos indiano e chinês se tornaram mais frequentes nos últimos anos. Em 2017 aconteceram 72 dias de confrontos, depois que forças chinesas avançaram na área disputada de Doklam, na fronteira entre China, Índia e Butão.

    Desde o início de maio, as tensões entre os dois países aumentaram ao longo da fronteira comum de 3.500 km, que nunca foi devidamente delimitada. Os confrontos deixaram vários feridos. As tropas chinesas também avançaram em zonas que a Índia considera dentro de seu território em Ladakh, o que levou Nova Délhi a enviar reforços à região.

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    O aumento de tropas dos dois lados na fronteira levou a preocupações de que os países asiáticos possam estar novamente avançando em direção a um conflito armado. As imprensas chinesa e indiana publicam constantemente artigos pedindo que seus respectivos governos tomem ações mais drásticas.

    Tanto Modi quanto o presidente chinês, Xi Jinping, construíram apoio político interno graças ao incentivo ao nacionalismo e à promessa de expansão do poder geopolítico de suas nações. Suas atitudes geralmente se traduzem em retórica agressiva, principalmente em discursos para sua população.

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