Cidadão americano é preso ao cruzar fronteira para Coreia do Norte
Comando da ONU informa que um homem estava em uma excursão na Coreia do Sul e foi para o país vizinho a pé, sem autorização
O Comando das Nações Unidas na fronteira da Coreia do Sul disse nesta terça-feira, 18, que um cidadão americano cruzou a linha fortificada para a Coreia do Norte sem autorização, e agora está sob custódia do regime norte-coreano.
Segundo o órgão, o americano estava em uma excursão na vila fronteiriça de Panmunjom, e atravessou a Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), estabelecida pelo Acordo de Armistício Coreano, em 1953, chegando ao país vizinho sem autorização.
O Comando das Nações Unidas confirmou que o indivíduo foi preso e afirmou que estava negociando com seus colegas norte-coreanos para resolver o incidente. No comunicado, não deu mais detalhes sobre a identidade do americano ou por que ele cruzou a fronteira.
Casos de pessoas em território sul-coreano desertando para a Coreia do Norte são raros, embora mais de 30 mil norte-coreanos tenham fugido para o país vizinho desde o fim da guerra da Coreia (1950-53), fugindo da repressão política e dificuldades econômicas.
Panmunjom, uma vila localizada dentro da DMZ, foi fundada no final da guerra da Coreia. Como está muito próxima à Coreia do Norte, tornou-se um popular ponto turístico.
A área é supervisionada em conjunto pelo Comando das Nações Unidas e pela Coreia do Norte. Nenhum civil vive em Panmunjom.
Em novembro de 2017, soldados norte-coreanos dispararam 40 tiros enquanto um de seus colegas tentava cruzar a fronteira. O soldado foi atingido cinco vezes antes de ser encontrado sob uma pilha de folhas no lado sul de Panmunjom. Ele sobreviveu e está morando na Coreia do Sul.
Um pequeno número de soldados americanos desertou para a Coreia do Norte durante a Guerra Fria, incluindo Charles Jenkins, que abandonou seu posto militar na Coreia do Sul em 1965 e cruzou a zona desmilitarizada. O regime adotou sua imagem em filmes de propaganda, e ele se casou com uma estudante de enfermagem japonesa que havia sido sequestrada por agentes norte-coreanos. Jenkins morreu no Japão, em 2017.
Nos últimos anos, alguns americanos foram presos na Coreia do Norte após supostamente entrarem no país vindos da China. Mais tarde, foram condenados por espionagem, mas a maioria foi libertada depois que os Estados Unidos enviaram missões para negociar sua volta para casa.
Em 2018, a Coreia do Norte libertou os últimos três detidos americanos registrados. À época, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, estava envolvido em negociações nucleares com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma tentativa de acordo, contudo, entrou em colapso em 2019, em meio a disputas sobre as sanções de Washington contra Pyongyang.
Nesta terça-feira, a nova travessia ocorre em meio a altas tensões sobre uma onda de testes com mísseis intercontinentais nucleares da Coreia do Norte. Os Estados Unidos enviaram, também na terça, um submarino com armas nucleares para a Coreia do Sul pela primeira vez em décadas, como tentativa de dissuasão contra a Coreia do Norte.