Coletes amarelos: 1.723 foram detidos na França nos atos deste sábado 8
Ministro classificou atos de vandalismo como "catástrofe econômica"; Macron permanece em silêncio
O quarto dia de manifestações dos “coletes amarelos” registrou confrontos violentos entre manifestantes e policiais, quebra-quebra e detenções. Segundo o Ministério do Interior, ao todo, 1.723 pessoas foram apreendidas – 1.082 delas só em Paris. Destas, 1220 foram presas preventivamente.
Segundo o órgão, cerca de 136.000 pessoas foram às ruas em todo o país. Na capital francesa, o número de manifestantes foi o mesmo do sábado anterior: 10.000 pessoas.
Ainda de acordo com o governo, ontem o movimento reuniu cerca de 136.000 manifestantes em todo país. Pelo menos 10.000 foram às ruas em Paris, o mesmo número estimado no sábado anterior. Manifestantes lançaram mão de barricadas, fogo em latas de lixo, rojões, pedras e coquetéis molotov. Forças de segurança responderam com gás lacrimogênio e o uso de veículos blindados para desbloquear as vias e dispersar os protestos.
O prejuízo causado pelo vandalismo foi maior do que há uma semana. Carros e estabelecimentos comerciais foram depredados. “É uma catástrofe para as lojas, é uma catástrofe para nossa economia”, disse o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, neste domingo (9). Ele também afirmou preocupação com a preservação das instituições após semanas de protestos. “Estou preocupado, após ouvir algumas declarações (…) Sei quão frágil é a democracia”, frisou.
Coletes amarelos
O movimento dos “coletes amarelos” começou como resposta a um plano do governo de elevar taxas de combustível para desestimular o uso de carros e fazer uma transição para energia limpa.
O governo francês decidiu abandonar o aumento de forma definitiva, mas nada parece aplacar o ímpeto da mobilização. Atualmente, o movimento está cada vez mais heterogêneo e engloba diversas reivindicações.
Nas ruas, os manifestantes também lutam pelo aumento do valor do salário mínimo e das aposentadorias, além da renúncia do presidente francês Emmanuel Macron. Sindicatos dos caminhoneiros e de agricultores também se juntaram ao movimento, assim como estudantes do Ensino Médio e de universidades.
Com a popularidade em queda e em meio à pior crise de sua Presidência, Macron se mantém em silêncio.
Contas fake
Segundo reportagem do jornal britânico “The Times”, contas falsas alimentadas a partir da Rússia amplificam a repercussão dos protestos nas redes sociais. De acordo com a matéria, que cita análises feitas pela empresa de cibersegurança New Knowledge, cerca de 200 contas do Twitter divulgam fotos e vídeos de pessoas gravemente feridas pela polícia, que seriam “coletes amarelos”, mas as imagens remontam, na verdade, a acontecimentos que não têm a ver com os protestos registrados na França nas últimas semanas.
À AFP, fontes próximas ao serviço de Inteligência frances afirmaram que as autoridades do país intensificaram as verificações sobre contas falsas nas redes sociais com o objetivo de amplificar o movimento dos “coletes amarelos”.
(Com AFP)