Colômbia acusa Venezuela de tomar parte em rede de terrorismo
Presidente Iván Duque evita falar no retorno de parte das Farc à guerrilha, mas promete enviar à ONU lista de 20 traidores do acordo de paz
O presidente da Colômbia, Iván Duque, acusou o regime de Nicolás Maduro, da Venezuela, de apoiar grupos armados ilegais e, portanto, de fazer parte da rede internacional de terrorismo. Em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, 25, ele prometeu entregar ao secretário-geral da ONU, António Guterres, um dossiê de 128 páginas com provas dessas acusações.
“A ditadura venezuelana é um elo a mais na rede do terrorismo transnacional. Suas estruturas corruptas servem aos cartéis da droga, seus bispos são seguidores da máfia e alimentam a violência na Colômbia, dão refúgios a assassinos e violadores de crianças. E os que ignoram esses opróbrios são cúmplices da ditadura”, declarou o presidente colombiano. “Meu governo tem provas indubitáveis e contundentes que corroboram o apoio da ditadura a grupos criminosos e narcoterroristas que operam na Venezuela para atentar contra a Colômbia”, completou.
Duque evitou falar diretamente sobre os ex-integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que decidiram voltar à luta armada no fim de agosto. Mas afirmou que também apresentará à ONU uma lista de 20 criminosos que traíram a generosidade do país no acordo de paz com a antiga guerrilha.
“Também revelamos a localização de mais de 1.400 homens pertencentes aos blocos mais perigosos do ELN (Exército de Libertação Nacional) e 207 situações controladas por essa organização criminosa no território venezuelano”, continuou Duque.
Como parte das provas, o presidente da Colômbia citou os depoimentos de cidadãos venezuelanos que fugiram do país, que denunciaram a existência de campos de treinamento e de aeroportos usados pelos narcotraficantes do ELN.
“A Venezuela tornou-se terra fértil para estruturas delitivas aliadas ao ELN, que não conhecem fronteiras”, disse Duque, acusando Maduro de dar abrigo aos líderes da guerrilha.
Apesar das denúncias, Duque prometeu que não transformará a Colômbia em um país agressor e não cairá nas “insinuações belicistas” feitas pelo regime de Maduro. Citou como exemplo os recentes exercícios militares ordenados por Maduro na região de fronteira entre os dois países.
“A Venezuela precisa do fim da usurpação, da instalação de um governo de transição para a democracia, a convocação de eleições verdadeiramente livres e a recuperação do império da lei”, defendeu.
Duque comparou os crimes dos quais Maduro é acusado com os de Slobodan Milosevic, ex-presidente da antiga Iugoslávia, e pediu aos participantes da Assembleia Geral da ONU que não sejam testemunhas da dor enfrentada pelos cidadãos venezuelanos.
“Para 16 países da América Latina, é evidente que a ditadura (de Maduro) está violando as obrigações estabelecidas na resolução 1373 de 2001 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. (…) De maneira contundente, reafirmamos que o conjunto dessas atividades criminadas, associado à crise humanitária gerada pela deterioração da situação política, econômica e social da Venezuela, representa uma ameaça para a manutenção da paz e da segurança no continente”, argumentou.
A resolução 1373 foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU para ampliar o combate ao terrorismo após os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.
(Com EFE)