Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Colômbia: Apesar de sair atrás, ‘Bolsonaro de Macondo’ pode ganhar eleição

Se o populista de direita Rodolfo Hernández herdar votos conservadores, pode derrotar o favorito esquerdista e ex-guerrilheiro Gustavo Petro

Por Amanda Péchy
Atualizado em 30 Maio 2022, 10h18 - Publicado em 30 Maio 2022, 09h20

Rodolfo Hernández, o populista de direita que virou fenômeno eleitoral na Colômbia, carrega vários apelidos, entre os mais conhecidos: “Trump da Colômbia” e “Bolsonaro de Macondo”, cidade fictícia do romance de Gabriel García Márquez Cem Anos de Solidão.

Já dá para entender o tom da campanha. Com uso massivo de redes sociais, discurso antissistema extremo, independência de grandes partidos, ausência de um programa de governo e propostas concretas e ausência em debates, Hernández baseou sua campanha na premissa de que será “diferente da casta política” e não será corrupto.

Apesar de ter largado atrás na disputa presidencial colombiana, possuindo menos de 10% das intenções de voto há dois meses, vai disputar o segundo turno com o esquerdista Gustavo Petro.

Petro segue na liderança com a preferência da população e recebeu 40,4% dos votos. Mas seu oponente não teve nada de fraco: Hernández obteve 27,9% dos votos. Muitos analistas acreditam que esta força renovada o levará a eleger-se como sucessor do presidente Iván Duque.

Mesmo assim, para derrotar Petro, o “Bolsonaro de Macondo” precisa ter cuidado com futuras alianças, já que sua única bandeira sólida é o combate à corrupção e à política tradicional. É possível que ele conte com o apoio de eleitores do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que também surgiu com um discurso antipolítica – mas virou símbolo da política tradicional e conservadora colombiana.

Continua após a publicidade

Para Petro, essa já é a terceira vez que tenta a presidência da Colômbia. Ele se candidatou em 2010 e 2018, mas foi derrotado em ambas as eleições. Petro é ex-guerrilheiro do M-19 e ex-prefeito de Bogotá. Na véspera da eleição, Petro, que conta com a simpatia de setores da esquerda brasileira, agradeceu ao “apoio” do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas nacionais de intenção de votos, e disse que, se eleito, pretende firmar uma parceria com o Brasil para “salvar a selva amazônica”.

+ Esquerdista com origem na guerrilha é favorito na eleição da Colômbia

Os dois candidatos mais votados no primeiro turno da eleição colombiana têm uma coisa em comum: representam um voto de rejeição ao establishment. Mas analistas sugerem que as diferenças entre os candidatos favorecem, hoje, Hernández – que, num passado não muito distante, disse admirar Adolf Hitler (um lapso, segundo ele).

O ex-guerrilheiro parece ter chegado ao seu pico de apoio e deve enfrentar dificuldades para ampliar os pouco mais de oito milhões de votos alcançados no primeiro turno. Para derrotar o outro candidato do primeiro turno, Federico Gutiérrez, herdeiro do uribismo, só era preciso fazer campanha contra a velha política, mas Hernández é uma novidade viral difícil de compreender (e, portanto, de enfrentar).

Continua após a publicidade

Se o populista de direita ficar com os votos de Gutiérrez, Petro está enrascado. Uribistas como a senadora Maria Fernanda Cabal, próxima da família Bolsonaro, já disseram que “o povo quer uma mudança, tudo bem, mas não um suicídio”.

Com um perfil que remete a outras experiências populistas na América Latina, Hernández pode acabar sendo mais forte graças ao medo a Petro e aos fantasmas da venezuelização da Colômbia. Se os governos da região funcionam como um pêndulo que alterna entre esquerda e direita, pode ser que, desta vez, ele ainda não esteja preparado para alternar.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.