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Colômbia decide retirar-se da Unasul

Itamaraty defende reforma do bloco para torná-lo mais pragmático e menos ideológico

Por Denise Chrispim Marin
Atualizado em 10 ago 2018, 22h32 - Publicado em 10 ago 2018, 22h28
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  • A Colômbia tomou  “a decisão política” hoje (10) de retirar-se da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), considerada pelo novo presidente do país,  Iván Duque, como  “cúmplice da ditadura venezuelana”. A decisão causa preocupação no governo brasileiro, que defende a reforma do organismo regional para adaptá-lo a uma atuação mais pragmática em questões que afetam mais de um país da América do Sul.

    “Estamos em processo de consultas com outros países que, aparentemente, desejam tomar o mesmo rumo. Caso haja uma decisão similar por parte desses Estados, atuaremos em conjunto”, declarou o ministro de Relações Exteriores, Carlos Holmes Trujillo.

    A Unasul tornou-se inerte desde o início de 2017, quando a Venezuela e outros três aliados vetaram a indicação de Buenos Aires do ex-senador e ex-governador José Octávio Bordón como secretário-geral da instituição. Em abril deste ano, em represália, o Brasil, a Colômbia, a Argentina, o Chile, o Paraguai e o Peru suspenderam suas participações no bloco.

    As reuniões anuais de líderes de seus 12 membros estão suspensas desde 2017. Todos os seus mecanismos estão inertes. Mas sede de 44 milhões de dólares da Unasul, construída em Quito, Equador, continua a gerar despesas para seus sócios.

    A Unasul foi criada em 2008, em uma reunião em Brasília, por motivação dos então presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Cristina Kirchner.

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    Na época, a maioria dos líderes sul-americanos coincidiam com a tese de Lula e Chávez de promover uma integração comercial e de infraestrutura regional que pudesse também expressar comunhão ideológica. Foram criados conselhos de ministros sobre doze temas, entre os quais Defesa, Saúde, Infraestrutura.

    As mudanças nos governos dos países da Unasul desde 2016, sobretudo no Brasil e na Argentina, removeram da Unasul a sua simpatia intrínseca pelo movimento bolivariano. Desentendimentos internos com a Venezuela, expulsa do Mercosul em 2017, tornaram-se mais frequentes até a rusga final com Buenos Aires sobre a indicação de Bordón.

    Enfoque geográfico

    No Itamaraty, a inércia da Unasul é lamentada porque o mecanismo continua importante em questões como o combate ao narcotráfico e a interconexão física e de energia da América do Sul. Também seria relevante para a região enfrentar novos desafios, como a epidemia de sarampo na fronteira do Brasil com a Venezuela e o refúgio de milhares de venezuelanos para os países vizinhos, sobretudo para a Colômbia e o Equador.

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    Diplomatas brasileiros defendem a reforma do bloco, para imprimir mais realismo e dar um contorno mais pragmático.  “Manter o diálogo com um enfoque geográfico pode ser mais interesse neste momento. A Unasul pode funcionar muito bem como um mecanismo mais modesto, sem aquela sede faraônica em Quito, e com uma agenda que dependa menos dos ritmos políticos de cada país”, afirmou uma fonte do Itamaraty.

    A presença de uma ditadura entre seus membros, a Venezuela, torna menos eficaz a possibilidade de imprimir densidade político-ideológica ao bloco, como no passado. Fora do âmbito da Unasul, a maior parte dos seus membros continua a exercer forte pressão sobre Caracas em prol da redemocratização do país e de um diálogo entre governo e oposição. O Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, tornou-se o principal mecanismo político neste sentido.

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