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Colômbia planeja recuperar tesouro bilionário de naufrágio do século 18

Controversa empreitada no 'Santo Graal dos naufrágios', como é conhecido, coloca o país no centro de disputas com Estados Unidos e Espanha

Por Da Redação
22 dez 2023, 11h00

A Colômbia anunciou nesta sexta-feira, 22, que vai retomar um plano para recuperar um tesouro perdido no naufrágio do galeão espanhol San José, ocorrido em 1708. A carga, composta por moedas de ouro e prata esmeraldas e artefatos históricos, é avaliada em US$ 20 bilhões (cerca de R$ 97 bilhões). Mas a controversa empreitada no “Santo Graal dos naufrágios”, como ele é conhecido, coloca o país no centro de disputas com os Estados Unidos e a Espanha, e contraria recomendações da Unesco.

Em defesa à iniciativa, o ministro da Cultura da Colômbia, Juan David Correa, afirmou que a operação se trata de uma expedição científica ao navio afundado no mar do Caribe há mais de três séculos. As primeiras tentativas tomarão palco entre abril e maio de 2024, caso as condições das águas da região colaborem com os desejos de Bogotá.

“Isto é um naufrágio arqueológico, não um tesouro”, disse Correa, após uma reunião com o presidente colombiano, Gustavo Petro. “Esta é uma oportunidade para nos tornarmos um país na vanguarda da investigação arqueológica subaquática.”

Coletados por robôs ou submarinos, os objetos extraídos dos destroços serão analisados em um navio da Marinha.

https://x.com/historyinmemes/status/1736150405749305486?s=20

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O naufrágio

O San José levava tesouros das colônias na América do Sul à corte do rei Filipe V, na Espanha. As preciosidades cobriam as despesas das batalhas contra os britânicos na Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714). Em 8 de junho de 1708, o galeão foi atacado em Cartagena por uma esquadra britânica, que desejava roubar a carga. O embate, no entanto, não teve os frutos esperados: a embarcação foi destruída, 589 tripulantes morreram e o tesouro afundou.

Embora sua localização exata seja segredo de Estado, sabe-se que navio está localizado na península colombiana de Baru, ao sul de Cartagena, no Mar do Caribe. Com três andares, o San José teria 45 metros de comprimento, largura de 14 metros e seria equipado com 64 canhões.

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Disputa

Desde que o navio foi localizado pelo governo colombiano, em 2015, tem sido fonte de entraves legais e diplomáticos.

A empresa americana Sea Search Armada alega ter encontrado naufrágio antes, em 1981, e assinado um acordo com o governo colombiano determinando que teria direito a 35% do montante do tesouro. A decisão, porém, foi anulada pelo Parlamento do país, e tornou-se pauta tanto dos tribunais de Washington quanto de Bogotá. As reinvindicações até hoje não foram atendidas.

A Espanha também demonstrou interesse em reivindicar parte dos baús, mas não conseguiu abrir diálogo com a Colômbia. Frente à chuva de imbróglios, Bogotá abandonou os planos de desbravar os destroços em 2018, retomando-os apenas neste ano.

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Colômbia x Unesco

Ainda em 2018, a Unesco, agência de Cultura das Nações Unidas, apelou à Colômbia para não explorar os destroços comercialmente, já que eles fazem parte do patrimônio cultural subaquático. Em carta, a entidade alegou que a venda dos tesouros históricos “causaria a perda irrecuperável de um patrimônio significativo”.

“Permitir a exploração comercial do patrimônio cultural da Colômbia vai contra os melhores padrões científicos e princípios éticos internacionais, tal como estabelecidos especialmente na Convenção do Patrimônio Cultural Subaquático da Unesco”, acrescentou o texto.

O pedido não tem poder sobre as decisões da Colômbia, servindo apenas como recomendação, já que o país não é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Ou seja, não está sujeito às normas internacionais e não tem a obrigação de informar a Unesco sobre suas estratégias.

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