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Com Bíblia e críticas ao Ocidente, Maduro diz que foi eleito por ‘perseverar no amor’

Em coletiva no Palácio de Miraflores, presidente alegou que oposição e comunidade internacional tentam mergulhar país "em uma guerra civil outra vez"

Por Paula Freitas Atualizado em 31 jul 2024, 18h29 - Publicado em 31 jul 2024, 18h21

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rebateu as críticas nesta quarta-feira, 31, sobre o resultado das eleições, realizadas no último domingo, que proclamaram o regime chavista como vencedor. Em coletiva de imprensa no Palácio de Miraflores, ele alegou que a oposição e a comunidade internacional tentam mergulhar a Venezuela “em uma guerra civil outra vez” e criticou o Ocidente por não aceitar que país tem “outra realidade” e “direitos independentes e soberanos”.

“Quantas provas mais temos que apresentar para que vocês digam ‘já basta’?”, questionou ele.

Em outro momento, Maduro disse que a “Venezuela tem a sua verdade e eu venho aqui defender a verdade do meu país. Não tenho medo das mentiras de vocês, vou enfrentá-las com a verdade”. O líder venezuelano também afirmou que, se estava no governo, era porque havia “perseverado no amor”, apesar dos supostos planos de assassiná-lo e de tirá-lo do poder.

“Estamos aqui porque defendemos uma causa, temos uma bandeira, porque amamos o nosso país. E a Venezuela não cairá nas mãos do fascismo, dos criminosos, nem do imperialismo”, disse o presidente.

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Criticas à extrema direita

Após relembrar momentos da história venezuelana, Maduro afirmou que quer “continuar o caminho que [Hugo] Chávez traçou”, mas advertiu: “se o imperialismo norte-americano e os criminosos fascistas nos obrigam, não tremerei o pulso para convocar o povo a uma nova revolução, com outras características”, prometeu, acrescentando que não havia nascido “no dia dos covardes”.

Ele agradeceu os policiais, a Guarda Nacional, a força militar e o poder popular pelo trabalho nos protestos e destacou que, no momento do pronunciamento, a Venezuela “está em paz”. Maduro também destinou críticas aos Estados Unidos; à direita e ultradireita; ao magnata Elon Musk, a que chamou de “criminoso”; ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro; ao líder argentino, Javier Milei; ao presidente do Equador, Daniel Noboa; ao governo de Nayib Bukele, de El Salvador; ao partido de extrema-direita Vox e aos nacrotraficantes da Colômbia.

Ao longo do discurso, o presidente venezuelano puxou uma Bíblia e leu parte de João 20, repetindo mais de uma vez o versículo “bem-aventurados os que não viram e creram”. Embora tenha dito que Caracas enfrentou diversas tentativas de golpe de Estado, ele alegou que “nunca havíamos visto a cara monstruosa do fascismo”.

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Por que reeleição de Maduro é contestada?

Na madrugada desta segunda, o CNE, órgão federal controlado pela ditadura, apontou vitória de Maduro com 51% dos votos, contra 44% do candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia, que substituiu María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, após ser inabilitada pelo regime chavista. Em contraste, levantamentos de boca de urna sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano.

A oposição, por sua vez, alega que González teria recebido 73% dos votos, enquanto Maduro teria arrematado menos de 30%. O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o regime não divulgou os resultados na totalidade, sem a publicação das atas das zonas eleitorais – relatórios que reúnem informações de cada centro eleitoral.

Na véspera, González e Machado participaram de um ato contra o resultado do pleito. Em uma publicação no X sobre o protesto, ela rebateu a proclamada reeleição de Maduro e escreveu: “Dissemos a eles que íamos ganhar e cobrar; temos cada uma das atas e isso é uma prova irrefutável de que ganhamos e Edmundo González é o novo presidente eleito”.

 

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