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Com camas de papelão, Índia abre maior hospital para a Covid-19 do mundo

Com o tamanho de 22 campos de futebol, o centro médico em Nova Delhi pode receber até 10.000 pacientes com quadros leves e moderados

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jul 2020, 12h14 - Publicado em 3 jul 2020, 11h52
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  • A cidade de Nova Delhi, na Índia, inaugurou nesta semana o maior hospital do mundo dedicado inteiramente a pacientes com a Covid-19. O centro médico foi construído com 10.000 camas feitas de papelão e tem o tamanho de 22 campos de futebol.

    O Centro de Atendimento para a Covid Sardar Patel tornou-se parcialmente operacional no domingo 28, com 2.000 de suas 10.000 camas disponíveis, segundo o governo local. Os 8.000 leitos restantes passaram a funcionar nesta quarta 1. 

    A cidade de Nova Delhi tem 25 milhões habitantes e registrou até o momento mais de 87.000 casos de coronavírus. A capital se transformou no epicentro da doença na Índia, com mais de 2.700 mortes. Os hospitais da cidade também enfrentam dificuldades, já que mais de 50.000 novas infecções foram detectadas apenas no mês de junho.

    O novo hospital tratará pacientes com casos “leves a moderados” e será operada pela Força de Fronteira Indo-Tibetana, que guarda a fronteira Índia-China. O centro foi construído em dez dias e contou com técnicas e aparelhos inovadores para facilitar sua instalação e baratear o orçamento.

    A estrutura das camas criadas para o hospital é feita de papelão. O ar-condicionado do centro foi desenvolvido especialmente para o ambiente de grande contaminação, pois usa 20% de ar fresco e seu fluxo e ventilação foram criados para reduzir a carga viral no ambiente.

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    Oficiais do governo inspecionam novo hospital contra a Covid-19 em Nova Délhi (Twitter/Reprodução)

    “As camas são leves, mas resistentes, têm uma garantia de dois anos e podem suportar até 300 kg de carga. Elas são impermeáveis ​​e econômicas, pois custam cerca de 1.200 rúpias (86 reais) cada”, explicou o médico responsável pelo hospital, BM Mishra. Segundo a empresa responsável pelas camas, o fator definitivo para a escolha do papelão como matéria prima é o fato de que o coronavírus sobrevive menos de 24 horas nestas superfícies, diferente de outros materiais, como o metal.

    A Índia impôs em março a mais ferrenha quarentena de todo o mundo. Por ordem do primeiro-ministro, Narendra Modi, o 1,3 bilhão de habitantes do país teve alguns dias para se preparar e se fechar em casa, com a polícia brandindo bastões e fazendo ameaças contra eventuais contraventores.

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    Porém, muito antes do recomendável, o governo começou a relaxar as medidas. Com contágio e mortes ainda em plena aceleração, Modi, líder autoritário e ultranacionalista que não é de ouvir conselhos e tinha pressa em reativar a economia, anunciou no início do mês o fim do confinamento obrigatório. “A transmissão está sob controle”, proclamou, recomendando a prática de ioga como estratégia “para aumentar a imunidade”.

    A decisão provocou muitas críticas e, desde então, a Índia chegou à dolorosa posição de epicentro da epidemia na Ásia e os casos confirmados vêm dobrando a cada dezoito dias — mais do que nos Estados Unidos, Brasil e Rússia.

    Nas últimas semanas, Nova Delhi se tornou o foco de contágio no país e para aliviar o sistema de saúde sobrecarregado da cidade 500 vagões de trens estão sendo reformados para servir como enfermarias hospitalares e fornecer 8.000 leitos adicionais. O ministro-chefe da capital, Arvind Kejriwal, disse que as instalações aumentam em proporções de guerra e que não há mais escassez de leitos hospitalares depois que as autoridades realizaram reuniões de emergência para lidar com o surto.

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