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Com corte de verbas, ONU reduz alimentos gratuitos a refugiados

Crises de fome enfrentadas por vários países e aumento do número de assistidos sobrecarregaram o orçamento do Programa Mundial de Alimentos

Por Diana Lott Atualizado em 2 jan 2018, 19h07 - Publicado em 2 jan 2018, 18h08
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  • Em foto do dia 17, divulgada hoje, criança somali desnutrida em clínica da organização Médicos Sem Fronteiras na cidade de Dadaab, no Quênia. O campo para refugiados da região é o maior do mundo, com a capacidade para 90 mil pessoas
    Em foto do dia 17, divulgada hoje, criança somali desnutrida em clínica da organização Médicos Sem Fronteiras na cidade de Dadaab, no Quênia. O campo para refugiados da região é o maior do mundo, com a capacidade para 90 mil pessoas (Dai Kurokawa/EFE/VEJA)

    Sofrendo com cortes nas doações recebidas pelos países membros da ONU e com o aumento do número de refugiados, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (“World Food Programme”, WFP em inglês) reduziu a quantidade de alimentos distribuídos e de pessoas assistidas nos últimos meses, reportou o jornal americano Washington Post.

    O WFP distribui cestas básicas em campos de refugiados de todo o mundo. A quantidade e seleção dos produtos variam de região para região, e são pensadas a partir do cálculo da quantidade diária de calorias ingeridas por pessoa. Na Etiópia, esse número caiu 20%, deixando os cerca de 650.000 refugiados atendidos com apenas 1.680 calorias por dia. Em contraste, a recomendação médica é, em geral, de 2.000 calorias para mulheres e 2.500 para homens.

    Se não for encontrada uma solução para o déficit orçamentário de 28 milhões de dólares do programa no país, as cestas podem ser reduzidas para 1.000 calorias diárias.

    A situção se repete em outros países em que o programa está presente. No Iêmen, apenas 60% da cesta básica é distribuída devido à falta de recursos  o que correspondente a 1.260 calorias por dia. O país, que vive uma guerra civil, passa por uma grave crise de fome, além de surtos de cólera e difteria.

    Segundo o Washington Post, o WFP estimou seu orçamento de 2016 em 8,84 bilhões de dólares, mas recebeu apenas 5,92 bilhões. Em 2017, precisava receber 9,6 bilhões para operar, mas novamente recebeu menos que o orçado — apenas 5,96 bilhões de dólares, um aumento insuficiente para cobrir as necessidades do programa. 

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    Não é apenas a diminuição nas doações dos membros da ONU que tem afetado a distribuição de alimentos feita pelo WFP. Para Peter Smerdon, porta-voz do programa na África oriental, o aumento do número de refugiados em todo o mundo sobrecarregou o orçamento.

    ONU afirma que Iêmen sofre maior crise humanitária do mundo
    Crianças iemenitas suspeitas de ser infectadas com cólera recebem tratamento no Hospital Sabaeen, em Sanaa (Mohammed HUWAIS/AFP)

    “A imensa demanda superou a capacidade dos doares de continuarem a aumentar as verbas”, afirmou. Além do Iêmen, o Sudão do Sul, a Nigéria e a Somália sofrem de crises de fome. Apenas na Etiópia, mais de 10.000 refugiados chegam todos os dias; o número de refugiados cresce também na Síria. Na enorme maioria dos casos, o WFP é a única fonte de alimento.

    “Os doadores têm dado mais, porém receio que não seja possível continuar assim”, disse Smerdon. “Somente o desenvolvimento vai solucionar o problema. Somos apenas um Band-Aid”.

    Efeito colateral

    Sem perspectiva de trabalho e após terem abandonado suas terras e pertences para fugir de conflitos, os refugiados contam com as cestas básicas para mais do que apenas se alimentar. A maioria dos residentes dos campos assistidos pelo WFP vende parte das doações para a comunidade local. Dessa forma, conseguem comprar produtos que não estão incluídos nas cestas, como roupas, leite e açúcar.

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    Em um dos maiores campos de refugiados do mundo, o Dadaab, no Quênia, os cortes nas cestas tiveram efeitos perversos.

    Sem receber alimentos suficientes, grande parte dos somalis que vivem ali passou a comprar a crédito de comerciantes locais. Em poucos meses, os valores se tornaram impagáveis e os credores começaram a fazer ameaças.

    Em foto do dia 17, divulgada hoje, criança somali desnutrida em clínica da organização Médicos Sem Fronteiras na cidade de Dadaab, no Quênia. O campo para refugiados da região é o maior do mundo, com a capacidade para 90 mil pessoas
    Criança somali desnutrida em clínica da organização Médicos sem Fronteiras na cidade de Dadaab, no Quênia, em 2016. (Dai Kurokawa/EFE/VEJA)

    Os somalis encontraram uma saída no programa de repatriação voluntária da ONU, iniciado em 2016 logo após o governo do Quênia ter ameaçado fechar o campo. Com o objetivo de auxiliar os refugiados a se restabelecerem em seu país de origem, as Nações Unidas oferecem cerca de 150 dólares por pessoa que decida retornar. Para muitos, essa é a única forma de pagar suas dívidas. No fim, retornam à Somália de mãos vazias.

    Questionada pelo Washington Post, a ONU afirmou que estava ciente de que o endividamento tinha motivado alguns refugiados a voltarem para a Somália. Porém, oficiais afirmaram não saber quanto a prática influencia a decisão de retornar. “É algo que estamos investigando”, disse Denis Kuindje, chefe do escritório do Acnur em Dadaab.

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