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Com flores, russos fazem protesto silencioso contra guerra na Ucrânia

Movimento começou após míssil russo atingir cidade da Ucrânia e deixar 46 mortos

Por Da Redação
23 jan 2023, 17h10

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado, o Kremlin iniciou uma forte repressão doméstica contra críticos da guerra. No entanto, recentemente, algumas pessoas colocam, na cidade de Moscou, buquês e brinquedos de pelúcia aos pés da estátua de Lesya Ukrainka, uma poetisa e dramaturga ucraniana que viveu durante as últimas décadas do Império Russo.

O protesto começou após um ataque russo à cidade ucraniana Dnipro, na semana passada, quando 46 pessoas morreram e 80 ficaram feridas depois que um míssil atingiu um prédio residencial. A estátua se tornou um lugar popular para demonstrações silenciosas contra a guerra.

O ritual das flores e pelúcias, após o ataque que deixou um dos maiores números de mortos desde o início da guerra, tornou-se uma forma de oposição à guerra. Em intervalos regulares, contudo, autoridades removem as flores.

Em entrevista ao jornal americano The New York Times, Tatyana Krupina, uma química de 28 anos, disse que a resistência dentro da Rússia “é uma batalha silenciosa”. Ela disse que foi com um pequeno grupo de amigos para colocar flores aos pés da estátua na semana passada.

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+ Queda de helicóptero mata ministro do Interior ucraniano e mais 17 pessoas

Estimulados pelas redes sociais, os russos também começaram a deixar flores em outras cidades do país como forma de repúdio à guerra.

A luta das flores é um dos primeiros protestos públicos em grande escala desde que o presidente Vladimir Putin anunciou, em setembro passado, uma mobilização parcial de 300 mil homens para lutar na guerra.

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Para os russos contra o governo que permanecem na Rússia, as flores os lembram de que eles não estão sozinhos na oposição, mesmo com a escalada da propaganda do Kremlin e de cada vez mais prédios públicos marcados com as letras Z e V, que se tornaram símbolos pró-guerra.

Segundo o Times, contudo, as demonstrações geraram consequências. Pelo menos sete pessoas foram detidas após visitarem a estátua com flores. A polícia também impede, regularmente, que pessoas tirem fotos do memorial, inclusive obrigando-as de apagarem imagens de seus celulares.

+ Guerra na Ucrânia se intensifica mesmo com a chegada do inverno

A repressão do Kremlin à oposição e a protestos acelerou após a invasão da Ucrânia. Cerca de 20 mil manifestantes foram detidos desde o início da guerra, de acordo com a OVD Info, um órgão de defesa dos direitos humanos. Muitos perderam seus empregos depois de protestarem, assinarem petições ou escreverem postagens nas redes sociais criticando a guerra.

Ilya Yashin, vereador de Moscou, foi condenado a oito anos e meio de prisão por falar sobre as atrocidades russas em Bucha, na Ucrânia. Um estudante universitário de 19 anos da cidade de Arkhangelsk pode pegar até 10 anos de prisão por postagens nas redes sociais criticando a guerra.

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