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Combates em Ghuta Oriental comprometem trégua na Síria

Ataques rebeldes e do governo impedem entrada de ajuda humanitária e evacuação de feridos na região

Por AFP
27 fev 2018, 13h43

Ataques aéreos e disparos de foguete foram reportados nesta terça-feira na região de Ghuta Oriental, comprometendo a “trégua humanitária” diária decretada na Síria pela Rússia, grande aliada do regime de Bashar Assad.

Após uma noite relativamente calma, o período estipulado para o cessar-fogo entrou em vigor às 9h do horário local (4h em Brasília) e se estendeu até às 14h. A trégua durante as cinco horas diárias deveria se repetir pelos próximos 30 dias, segundo o que foi imposto pela diplomacia russa.

Contudo, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), duas pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas nesta terça, após uma série de ataques das forças governamentais.

“Vinte e cinco morteiros, ataques aéreos e barris de explosivos foram lançados (pelo regime) em Ghuta, matando dois civis, incluindo uma criança”, indicou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.

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Porém, a agência oficial de notícias do regime de Bashar Assad, Sana, acusou grupos rebeldes que ocupam a região de violarem a trégua primeiro, após dispararem foguetes contra os corredores humanitários perto da cidade de Al-Rafidain. O ataque teria o objetivo de impedir que civis deixem a área, segundo a agência oficial.

O corredor deveria ser usado para a evacuação de pessoas feridas e para a entrada de comboios da ONU e outras agências humanitárias com suplementos e outros materiais de primeira necessidade durante a trégua.

O general russo Viktor Pankov também acusou os rebeldes de dispararem contra o corredor humanitário, aberto às 9h00 pelo Exército russo. “Atualmente, há tiros intensos por parte dos combatentes e nenhum civil saiu” do reduto rebelde, lamentou, citado pelas agências russas.

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A Presidência da Rússia depositou sobre os rebeldes a responsabilidade para o sucesso da trégua e cobrou o fim de suas “provocações” em um comunicado.

Ghuta Oriental, região a leste da capital Damasco, é alvo há 10 dias de uma violenta campanha aérea do regime, que já fez mais de 560 vítimas civis.

População sem ajuda

Com os ataques desta terça, nenhum ferido foi evacuado, enquanto nenhuma ajuda humanitária pode ser encaminhada. “Constatamos que os combates continuam (…), o que torna impossível enviar comboios”, indicou Jens Laerke, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

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Sitiada desde 2013, Ghuta Oriental e seus 400.000 habitantes sofrem, além dos bombardeios, de uma escassez de alimentos e remédios. De acordo com o Ocha, mais de 700 pessoas precisam de evacuação médica de emergência, enquanto 12% das crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição grave e uma criança em cada três de um retardo de crescimento.

O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, afirmou que sua agência possui uma lista de 1.000 pessoas à espera de evacuação médica, incluindo 600 em um estado “moderado a severo”.

A recente ofensiva do regime e de seu aliado russo desativaram vários hospitais no enclave e geraram um aumento nos preços dos alimentos, de acordo com o Ocha.

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