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Começa julgamento de cardeal francês que acobertou abusos a escoteiros

Papa Francisco convoca para fevereiro reunião de cúpula para tratar da proteção de menores e 'lançar luz sobre os fatos'

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h59 - Publicado em 7 jan 2019, 14h18
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  • Começou nesta segunda-feira, 7, o julgamento do cardeal francês Philippe Barbarin, de 68 anos, indiciado com outras cinco pessoas por acobertar abusos sexuais na Igreja Católica. Ele é acusado de não ter reportado os crimes de um padre contra escoteiros nas décadas de 80 e 90, dentro de sua diocese.

    Arcebispo de Lyon, Barbarin é uma das figuras católicas de maior destaque na França. Ultraconservador, pode enfrentar até três anos de prisão e uma multa de 45.000 euros se for condenado. Ele nega as acusações.

    O escândalo emergiu em 2015, depois que um antigo coroinha tornou pública a denúncia de que um padre local, Bernard Preynat, o molestara 25 anos antes. François Devaux, que depois formou um grupo de apoio às vítimas, também moveu uma ação contra Barbarin, o superior do padre Preynat, alegando que ele sabia dos abusos e os escondia.

    Depois de seis meses de investigação e dez horas de interrogatório a Barbarin, os promotores trancaram o caso em 2016, alegando que as provas eram obsoletas e insuficientes. Mas algumas vítimas tiveram sucesso no esforço de reabrir o caso, o que levou o cardeal e alguns outros religiosos franceses, como o Arcebispo de Auch e o Bispo de Nevers, ao banco dos réus.

    “Esperamos que agora tenhamos uma sentença clara e óbvia para todos nós”, disse Devaux antes do início do julgamento, previsto para acabar na quarta-feira, 9. O grupo de vítimas, La Parole Libérée, que começou com poucos membros, hoje já conta com 85 declarações de abusos suspostamente cometidos pelo padre Preynat.

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    Depois de ter sido denunciado pela primeira vez, em 1991, o religioso não foi mais autorizado a lidar com grupos de escoteiros. Mais tarde, porém, ele deu aulas para crianças e angariou posições de autoridade em paróquias até que o escândalo se tornou público.

    Preynat assumiu a responsabilidade pelos abusos contra meninos e deve enfrentar o júri ainda este ano.

    Chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, importante órgão do Vaticano, o arcebispo espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer também foi acusado de cumplicidade no silenciamento do caso de Lyon. Em correspondências trocadas com Barbarin, o religioso aconselha o cardeal a tomar “medidas disciplinares necessárias, mas evitando o escândalo público.”

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    Por ser do alto clero no Vaticano, Ferrer tem imunidade e não irá a julgamento.

    Em sua mensagem de Ano Novo, o papa Francisco mencionou a pedofilia, garantindo que a Igreja se compromete a combater “um dos piores e mais vis crimes”.

    “A Santa Sé e toda Igreja estão trabalhando para combater e prevenir tais crimes e seus encobrimentos, para averiguar a verdade dos fatos que envolvem eclesiásticos e para fazer justiça aos menores que sofreram violência sexual, agravada pelo abuso de poder e de consciência”, declarou o papa.

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    Francisco convocou os presidentes das conferências episcopais para uma reunião de cúpula sobre a proteção de menores, em fevereiro, no Vaticano.

    “A reunião que terei com os episcopados de todo mundo […] pretende completar mais um passo no caminho da Igreja para lançar luz sobre os fatos e aliviar as feridas causadas por esses delitos”, afirmou Francisco.

    A declaração do sumo pontífice surge após um ano de 2018 marcado pela revelação de uma série de abusos sexuais cometidos por membros do clero, especialmente nos Estados Unidos e no Chile.

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