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Começam os funerais das vítimas do atentado da Nova Zelândia

Dentre os 50 mortos, 29 pessoas ainda não foram identificadas e apenas seis foram sepultadas cinco dias depois do ataque às mesquitas

Por Da Redação
Atualizado em 20 mar 2019, 18h44 - Publicado em 20 mar 2019, 18h22
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  • Começaram nesta quarta-feira, 20, os enterros das 50 vítimas do atentado de Christchurch, em duas mesquitas na Nova Zelândia. A primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, voltou à cidade para acompanhar as homenagens e expressar suas condolências às famílias envolvidas.

    Os primeiros sepultados foram Khaled e Hamza Mustafa. Pai e filho, eles chegaram na Nova Zelândia como refugiados da guerra na Síria. Ardern comentou com repórteres que “não tinha palavras para descrever o quanto é desolador saber que uma família que viajou buscando segurança e refúgio não tenha ficado segura aqui.”

    Ardern ainda prometeu que trabalhará com as autoridades do país para que os médicos legistas sejam mais ágeis para ser possível cumprir os ritos religiosos dos funerais. Familiares das vítimas reclamaram da morosidade no processo de identificação, que impediu o enterro de seus parentes já no dia seguinte a suas mortes, como é previsto no Corão.

    Cinco dias depois do ataque de sexta-feira, 29 pessoas ainda não foram reconhecidas e apenas seis foram enterradas. No início da manhã desta quarta, no horário local, a polícia neozelandesa declarou que pretende devolver todas as vítimas a suas famílias até o fim do dia.

    Um delegado da polícia de Christchurch, Mike Bush, explicou que a demora se deve ao cuidado redobrado para não corromper possíveis evidências contra o atirador, identificado como o australiano Brenton Tarrant, de 28 anos.

    “Nós devemos provar aos promotores a causa da morte e atender às expectativas do juiz”, disse. “Você não pode condenar alguém por assassinato sem provar a causa da morte. Errar essa informação seria imperdoável.”

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    Turquia

    Também nesta quarta-feira, Jacinda Ardern visitou os alunos do colégio Cashmere, que perdeu dois alunos no massacre das mesquitas. Ela pediu às crianças que se esforcem para combater mensagens de racismo e ódio.

    “Este é meu pedido. Sozinha, não posso me livrar dessas coisas. Preciso de ajuda de cada um de vocês”, discursou a primeira-ministra,. “Então se unam, façam demonstrações de amor e também mostrem que a Nova Zelândia é um lugar em que não existe tolerância com o racismo nunca.”

    Como prometeu na terça-feira 19, a primeira-ministra não disse o nome do atirador de Christchurch. Questionada sobre uma possível visita do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, à Nova Zelândia, depois de suas duras críticas ao papel da rede na transmissão ao vivo do ataque, a líder neozelandesa afirmou que “não está interessada em nenhum compromisso de relações públicas.”

    Ardern confirmou que o ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro ministro da Nova Zelândia, Winston Peters, irá viajar para a Turquia para confrontar os recentes comentários do presidente do país, Tayyip Erdoğan, logo depois do tiroteio.

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    Erdoğan está participando da campanha para o seu partido, o AK Party, para as eleições regionais turcas, marcadas para o dia 31 de março. A legenda foi fundada sob bases muçulmanas e, em uma manobra para angariar mais apoio, o presidente garantiu que, se a Nova Zelândia não fizer o atirador “pagar” por seus crimes, seu governo o fará.

    Ele também sugeriu que os estrangeiros anti-islâmicos que forem a Turquia serão enviados de volta para seus países em caixões, “como seus avós foram” durante a Campanha de Galípoli. O presidente se referia a uma batalha da Primeira Guerra Mundial na qual a coalizão franco-britânica tentou enfraquecer o império otomano. Depois de contabilizar 302.000 mortes, os aliados recuaram. Nessas forças estavam soldados australianos e neozelandeses.

    Além das declarações polêmicas, Erdogan incluiu em seu comício as imagens dos tiroteios filmadas pelo próprio terrorista e exibidas por ele no Facebook. Ardern afirmou que a prioridade de Peters é buscar esclarecimentos sobre essas atitudes.

    “O nosso vice-primeiro-ministro confrontará estes comentários na Turquia. Ele está indo para lá para acertar as coisas cara a cara.”

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    O governo da Austrália, muito próximo ao neozelandês, convocou o embaixador turco em Canberra para uma reunião sobre os comentários de seu chefe de Estado.

    Posse de armas

    A primeira-ministra ainda reforçou seu objetivo de reformular as leis sobre a posse de armas semi-automáticas no país e argumentou “existir várias brechas” na atual legislação. Na segunda feira, 18, ela confirmou que apresentará suas propostas de alterações nos próximos dez dias.

    Recentemente, Ardern homenageou a postura australiana sobre a questão armamentista. Em 1996, depois de um massacre no Porto Arthur, o país mudou suas leis em torno do assunto em apenas 12 dias.

    Dos feridos no ataque de Christchurch, 29 continuam internados. O responsável pelos ataques foi indiciado por homicídio e está preso preventivamente. A expectativa é de mais denúncias serem apresentadas à justiça da Nova Zelândia antes de sua próxima audiência na corte. Uma equipe multinacional de investigadores, que conta com profissionais australianos, está reunida na cidade de Wellington para traçar o perfil do suspeito.

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    Uma investigação paralela das agências de inteligência neozelandesas apura denúncias da comunidade muçulmana e de comerciantes de armas sobre um aumento das atividades de supremacistas brancos no país.

    (Com Reuters)

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