A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta terça-feira, 13, que o órgão iniciará uma investigação a respeito do apoio da China aos fabricantes de veículos elétricos, em um contexto de aumento da importação de carros e de receios sobre o futuro das montadoras europeias. Em discurso no Parlamento Europeu, ela admitiu que o continente não está preparado para “uma corrida até o fundo” contra Pequim.
“Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos mais baratos e os seus preços [são] mantidos artificialmente baixos por enormes subsídios estatais”, argumentou. “Portanto, posso anunciar hoje que a comissão está lançando uma investigação antissubsídios sobre veículos elétricos provenientes da China”.
A Europa impõe um imposto de sobre 10% os veículos chineses, contra os 27,5% sobre os americanos. Ao enxergar uma janela de oportunidade, empresas de Pequim aproveitaram a disparidade nas cobranças para se estabelecerem, sem demora, no mercado, tendo exportado quase 350 mil veículos elétricos para nove países europeus no primeiro semestre deste ano.
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A investigação da Comissão pode apertar o cerco contra as importações chinesas relacionadas aos veículos elétricos (VE). Em reflexo, o comunicado de von der Leyen levou à queda das ações de empresas do setor.
A investigação da Comissão Europeia poderá levar à imposição de tarifas sobre as importações chinesas de VE, e o anúncio de von der Leyen abalou as ações das maiores empresas de VE da China cotadas em Hong Kong. A BYD, maior produtora de veículos elétricos da China, fechou em queda de 2,8%, enquanto Xpeng caiu 2,5% e Nio, 0,9%.
As previsões da empresa UBS revelam que os fabricantes chineses poderão quase duplicar, de 17% a 33%, suas vendas mundiais até 2030, enquanto as europeias perdem progressivamente espaço no mercado. Li Yunfei, porta-voz da BYD, anunciou que planeja dobrar o número de revendedores na Europa, chegando a 200 parceiros.
Segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), cerca de 13 milhões de pessoas são contratadas pela indústria de automóveis, quase 7% de todo o emprego. Maior economia do continente, a Alemanha assume protagonismo no setor automotivo, sendo detentora de marcas como Volkswagen, Audi, BMW e Mercedes.
“Trata-se de concorrência desleal e não de manter carros baratos e eficientes fora do mercado europeu”, disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, em apoio a von der Leyen.