A Comissão Europeia, o órgão legislativo da União Europeia (UE), afirmou nesta segunda-feira, 21, que considera o pedido de extensão do prazo para o Brexit apresentado pelo governo do Reino Unido durante o fim de semana.
O primeiro-ministro Boris Johnson aparentemente tentou sabotar sua própria solicitação de adiamento ao enviar um documento à UE sem sua assinatura. Porém, segundo a porta-voz da Comissão Europeia, a forma como a carta foi enviada “não muda nada” e o bloco considera o pedido de extensão de qualquer maneira.
“O presidente [Donald] Tusk [do Conselho Europeu] está agora consultando os líderes dos 27 países do bloco” sobre a questão, afirmou Mina Andreeva a jornalistas em Bruxelas nesta segunda.
Johnson deve pedir que o acordo de Brexit fechado na semana passada com a União Europeia seja colocado nesta segunda em votação pelo Parlamento britânico. A decisão sobre o pacto estava marcada para sábado 19, mas foi postergada após os deputados aprovarem uma emenda para adiar a votação.
Porém, o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, pode recusar a votação, uma vez que as regras da Casa, de modo geral, impedem que uma mesma medida seja considerada uma segunda vez durante a mesma sessão do Parlamento, a menos que tenha ocorrido alguma alteração.
Adiamento do Brexit
Diante do atraso de sábado, Johnson foi obrigado a enviar uma carta à UE pedindo um adiamento do prazo do Brexit, marcado para 31 de outubro. A imposição foi estabelecida por uma lei aprovada pelo Parlamento em setembro, que determinou que o premiê seria legalmente forçado a solicitar a prorrogação caso não houvesse um acordo aprovado até o dia 19.
Johnson disse em diversos momentos que preferiria “morrer em uma vala” antes de pedir a prorrogação do início do Brexit para o final de janeiro. Porém, obrigado por lei a pedir a extensão, enviou uma carta à UE sem sua assinatura.
Peter Altmaier, ministro da Economia e Energia da Alemanha e aliado próximo da chanceler Angela Merkel, afirmou ao jornal The Guardian nesta segunda acreditar que uma extensão será concedida pela UE, apesar da manobra de Johnson.
Segundo ele, o bloco europeu deve oferecer um prazo maior para que o Reino Unido aprove um acordo e negocie legislações internas voltadas a diminuir os efeitos do Brexit, ou então deve aceitar uma extensão para acomodar a realização de eleições gerais ou de um segundo referendo no país.