Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Como a Alemanha mantém pleno emprego, mesmo diante de uma pandemia global

Saiba como funciona o Kurzarbeit, sistema que agora é copiado por Inglaterra, França e Itália

Por Ernesto Neves Atualizado em 28 Maio 2020, 10h50 - Publicado em 28 Maio 2020, 10h00

Ao confinar quatro bilhões de pessoas em casa, o novo coronavírus produziu um rastro de destruição na economia poucas vezes visto na humanidade. O Grande Confinamento, termo usado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para designar a atual recessão, deverá deixar 305 milhões de desempregados em 2020.

Só nos Estados Unidos, 40 milhões de pessoas, ou 25% da população, já enfrentam o problema, percentual só visto durante a Grande Depressão dos anos 1930. Na Índia, 100 milhões viram-se sem o sustento da noite para o dia. E no Brasil, 1 milhão de postos com carteira assinada evaporaram.

ASSINE VEJA

Coronavírus: ninguém está imune
Coronavírus: ninguém está imune Como a pandemia afeta crianças e adolescentes, a delação que ameaça Witzel e mais. Leia na edição da semana ()
Clique e Assine

Mas esse efeito perverso pode ser evitado. É o que mostra a Alemanha, país que, segundo o FMI, deve encerrar 2020 com desemprego na faixa dos 4%. Ou seja, em invejável situação de pleno emprego.

Esse cenário confortável, porém, não significa que os alemães foram poupados pela crise. O PIB do país deve fechar o ano com queda de 7%, o maior tombo desde a Segunda Guerra Mundial. O segredo está num programa conhecido como Kurzarbeit (trabalho de curta duração).

Continua após a publicidade

Trata-se de uma política pública em que o governo assume parte da folha de empresas que estão em dificuldades. A medida pode ser estendida por até 21 meses, tempo mais que suficiente para que os empresários se recuperem.

Assim, o estado passa a pagar até 80% dos salários dos funcionários, uma ajuda que pode chegar a até 5.000 euros mensais. Assim, os empresários tem alívio imediato no caixa, e os empregados recebem a garantia que não serão demitidos enquanto durar o cenário adverso.

Desde março, quando a pandemia se intensificou, o Kurzarbeit se expandiu rapidamente. Segundo o Ministério do Trabalho alemão, ao menos 9 milhões de empregados, ou 20% da força de trabalho, estão sendo assistidos pelo programa, um número inédito. Eles pertencem, sobretudo, à indústria, setor fundamental à poderosa máquina exportadora alemã.

Continua após a publicidade

Especialistas creditam a rápida recuperação da Alemanha em crises anteriores, como a recessão de 2009, ao Kurzarbeit. Ao permitir que empresas mantenham boa parte dos trabalhadores, mesmo os de maior salário e qualificação, a iniciativa não só suaviza a contração econômica quando o cenário é adverso, como também encurta a duração das crises. “Como não tem medo de perder o emprego, as pessoas podem seguir consumindo, o que mantém a roda da economia girando”, diz Anelies Goger, especialista em desigualdade do Brookings Institution, de Washington.

Uma eficácia que, por sinal, já havia sido demonstrada em outros períodos de grande incerteza. O Kurzarbeit é, na verdade, centenário, e remonta ao conturbado início do século XX. Sua estreia aconteceu às vésperas da Primeira Guerra (1914-1918), sendo utilizado ainda na reconstrução que se seguiu ao segundo conflito global (1939-1945). À época, ajudou um enorme contingente de alemães na travessia de crises econômicas e sociais.

O sucesso é tanto que o programa vem sendo copiado na Europa. No momento, França, Itália, Espanha e até o Reino Unido, país que costuma rejeitar maiores regulações sobre a economia, têm cerca de 20% de seus trabalhadores beneficiados por programas do tipo.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.