A invasão terrorista do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto foi destaque na imprensa internacional nesta segunda-feira, 9.
A situação política do Brasil ganhou as capas dos principais jornais do mundo, como The New York Times, The Wall Street Journal, Financial Times e El País.
O jornal americano WSJ ressaltou que a violência em Brasília mostra os meses crescentes de tensão política no Brasil. De acordo com o uma reportagem, antes do ataque, analistas estavam cada vez mais preocupados com o aumento da violência política no maior país da América Latina.
“As disputas violentas entre os próprios eleitores também aumentaram, o que, segundo analistas, destaca a profunda polarização política no país e a intolerância aos rivais políticos”, diz a matéria.
“A turbulência continuou após a derrota de Bolsonaro para o Sr. [Lula] da Silva. Os apoiadores de Bolsonaro bloquearam rodovias, queimaram ônibus e se manifestaram do lado de fora de quartéis militares enquanto pediam um golpe para manter Bolsonaro no poder”, destaca um trecho.
O jornal britânico The Guardian chamou atenção para a polarização do país e afirmou que a “violação de segurança impressionante foi imediatamente comparada à invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro por seguidores de Donald Trump em 2021”.
“Observadores passaram meses alertando que os radicais de Bolsonaro poderiam encenar uma versão sul-americana da invasão do Capitólio dos Estados Unidos, na esperança de anular a vitória de Lula. Durante sua tumultuada administração de quatro anos, Bolsonaro repetidamente deu a entender que um golpe militar poderia estar em andamento e lutou para minar o sistema de votação eletrônica internacionalmente respeitado do Brasil”, relatou o jornal.
O The New York Times, que colocou o Brasil na capa pela segunda vez em uma semana, também comparou os atos terroristas com a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos.
“Em cenas que lembram a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro, manifestantes em Brasília, capital do Brasil, envoltos em amarelo e verde da bandeira do Brasil, invadiram a sede do poder, ateando fogo, reaproveitando barricadas como armas, derrubando policiais de a cavalo e filmando seus crimes enquanto os cometiam”, diz um trecho da matéria.
A emissora americana CNN também repercutiu a notícia, afirmando que diversos líderes mundiais demonstraram apoio ao atual presidente do Brasil, Lula. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, escreveu no Twitter que “as instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser prejudicada”.
Segundo a CNN, o Governo de Portugal disse em comunicado que condena “os atos de violência e desordem que ocorreram hoje em Brasília” e prometeu apoio às autoridades “no restabelecimento da ordem e da legalidade”.
O presidente francês Emmanuel Macron também disse no Twitter que “A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O presidente Lula da Silva pode contar com o apoio incondicional da França”.
Em relação ao ocorrido, o veículo britânico BBC disse que “o extremismo e a desinformação ganharam vida própria” e, segundo eles, a retórica divisiva de Bolsonaro e seu questionamento sobre a validade do sistema eleitoral do Brasil contribuíram em grande parte para a raiva exibida no domingo.
“Na véspera da eleição, ele alegou repetidamente que o sistema de votação eletrônica do Brasil era vulnerável a fraudes – uma alegação rejeitada pelas autoridades eleitorais. Mas muitos brasileiros acreditam erroneamente que a eleição foi ‘roubada’, embora uma contestação apresentada pelo partido de Bolsonaro tenha sido rejeitada pelo tribunal eleitoral”, analisa o jornal.
A Reuters também deu espaço para a situação política brasileira e como os aliados do presidente Lula se questionaram sobre a segurança da polícia.
“Os aliados do presidente também levantaram questões sobre como as forças de segurança pública na capital Brasília estavam tão despreparadas e facilmente dominadas por manifestantes que planejavam nas redes sociais se reunir para manifestações de fim de semana”, afirma.