Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Mês dos Pais: Revista em casa por 7,50/semana

Como as tarifas de Trump prejudicaram aliança entre Brasil e EUA em terras raras

Estima-se que Brasil abrigue de 19 a 23% das reservas globais de terras raras, que incluem 17 elementos vitais para fabricação de imãs usados em vários produtos

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 ago 2025, 10h59

A progressiva deterioração das relações entre Estados Unidos e Brasil, resultado das taxas de 50% a produtos brasileiros e das sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prejudicou negociações entre os dois países sobre a exploração de terras raras no território brasileiro, mostrou uma reportagem do jornal americano The New York Times nesta quarta-feira, 21.

O NYT afirmou que, de maneira discreta, Washington e Brasília vêm discutindo “durante anos” o investimento americano no desenvolvimento de formas de extração dos valiosíssimos metais das terras raras brasileiras, as segundas maiores do mundo, atrás apenas da China. O impulso à iniciativa teve palco no governo do ex-presidente Joe Biden, que enviou representantes americanos em cinco visitas ao país entre 2022 e 2024, mas entrou em declínio na administração Trump devido à crise diplomática EUA-Brasil.

A negociações, apesar do incentivo de Biden, ainda estavam em “estágio inicial”, segundo o jornal americano. As tarifas de Trump aos produtos brasileiros em resposta à “caça às bruxas”, como o republicano definiu, ao ex-presidente Jair Bolsonaro enterraram, pelo menos por enquanto, os planos. Bolsonaro, aliado de Trump, está inelegível por 8 anos, por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral, por abuso de poder e uso indevido de meios de comunicação, ao atacar as urnas eletrônicas durante a eleição de 2022, sem provas concretas.

Pouco antes da imposição das tarifas, os Estados Unidos sinalizaram que o acesso aos minerais estratégicos brasileiros era fator imprescindível para as tratativas comerciais. A exigência não foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enxergou a demanda inflexível uma ameaça à soberania do Brasil. No mês passado, o petista disse que “ninguém põe mão” nas terras raras, destacando: “Este país pertence ao povo brasileiro”.

Panorama das terras raras

Estima-se que o Brasil seja lar de 19 a 23% das reservas globais de terras raras, que incluem 17 elementos vitais para fabricação de imãs usados em uma série de produtos, de carros elétricos a mísseis. Ao todo, as reservas contêm cerca de 21 milhões de toneladas desses minérios. A extração e separação, contudo, são complicadas, e o único país a ter se especializado no assunto nos últimos anos foi a China, tornando-se uma especialista no mercado. O know-how chinês leva à dependência de outras nações a Pequim, um perigo para os EUA.

Continua após a publicidade

A China controla 40% dos depósitos mundiais e domina a cadeia global desses suprimentos. O Palácio do Planalto e a Casa Branca ganhariam, então, com a aliança, destacaram autoridades brasileiras e ex-funcionários americanos ao The New York Times. De um lado, o Brasil poderia se tornar uma potência na extração e processamento dos minérios; do outro, os EUA reduziriam a sua dependência ao fornecimento chinês.

Planos do Brasil

No momento, apenas uma mina brasileira, a Serra Verde, produz os minerais em pouca quantidade, que ainda precisam ser enviados para a China para processamento. Segundo o NYT, o Brasil tem planos de construir uma cadeia nacional, englobando minas e fábricas de imãs. Até pouco tempo, os EUA vinham ajudando na ideia. No ano passado, investidores americanos e britânicos investiram US$ 150 milhões (mais de R$ 2,7 bilhões) na Serra Verde como parte de uma iniciativa apoiada pelo governo dos EUA, informou o jornal.

Mas o grau de pressão do governo Trump levou os planos a irem por água abaixo. Em julho, duas semanas após as ameaças tarifárias do republicano ao Brasil, o encarregado de negócios americano, Gabriel Escobar, passou a ser mais “insistente”, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, ao The New York Times. “Ele deixou o interesse dos Estados Unidos em minerais estratégicos críticos muito claro, muito explícito”, afirmou Jungmann.

Qualquer forma de interferência estrangeira nos recursos brasileiros é vista com maus olhos pelo governo Lula. O interesse intransigente “provocou raiva e suspeita”, relatou o veículo americano. Agora, o Brasil procura por outros parceiros para a empreitada, como a Índia, membro do Brics. Ao mesmo tempo, tem estudado suas jazidas com incentivo de uma empresa de mapeamento espanhola e trabalhado para aprimorar a capacidade de processamento através de uma parceria público-privada apoiada por mais de 20 de empresas e grupos de pesquisa internacionais. A porta de oportunidade parece, dia após dias, estar se fechando para Trump.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 16,90/mês
Apenas 9,90/mês*
OFERTA MÊS DOS PAIS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.