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Como bolsa da Dior envolveu primeira-dama da Coreia do Sul em escândalo

Avaliado em cerca de R$ 10 mil, item de luxo contraria legislação anticorrupção do país

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 16h06 - Publicado em 26 jan 2024, 13h08

Um curioso escândalo mergulhou o governo da Coreia do Sul em uma crise política: em novembro do ano passado, um vídeo divulgado pelo site de notícias Voice of Seoul mostrou a primeira-dama Kim Keon Hee recebendo uma bolsa da marca de luxo Dior do pastor coreano-americano Choi Jae-young. Avaliado em 3 milhões de won (cerca de R$ 10 mil), o item contraria a legislação anticorrupção do país, em que proíbe o cônjuge de um funcionário público, como é o caso do presidente Yoon Suk Yeol, de receber presentes de mais de 1 milhão de won (R$ 3.669) de uma vez.

Com fama de controverso, Choi mantém relações com a Coreia do Norte, tendo visitado o país inúmeras vezes para realizar orações em igrejas locais. Ele alega ter se aproximado de Kim pelo desejo de “compartilhar conselhos” sobre a unificação com o país vizinho. Por isso, pouco depois de Yoon alcançar o poder, marcou um encontro individual com a primeira-dama para supostamente tratar sobre o tema.

Na ocasião, ele teria escutado uma conversa telefônica de Kim sobre assuntos confidenciais de Seul. A gravidade da chamada e a preocupação com um suposto escândalo de corrupção teria motivado o pastor a gravar a reunião seguinte, com uma câmera espiã em um relógio de pulso concedida pelo Voice of Seoul, um veículo com tendências esquerdistas. Choi teria, então, presenteado Kim com a bolsa, também comprada pelo portal de notícias. A entrega do produto teria sido informada com antecedência à mulher.

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A cilada

Uma vez entregue o presente, Kim contesta o motivo e pede para que Choi para de comprar produtos para ela, perguntando: “por que você continua comprando esses itens? Por favor, não compre coisas tão caras”. A transferência da bolsa, no entanto, não é aparente, mas o item é visto sobre a mesa e, segundo o pastor, não foi devolvido posteriormente. 

As intenções de Choi são contestadas por aliados do governo, que o acusam de tentar influenciar os resultados das eleições gerais, marcadas para 10 de abril. Não é a primeira vez, contudo, que a esposa do presidente se vê envolvida em polêmicas: elas já foi acusada de plágio em artigos acadêmicos e de manipular ações — no início do mês, Yoon vetou um projeto de lei que autorizava uma investigação especial sobre as suspeitas.

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Meses antes da ida às urnas, os dois principais partidos buscam apoio da população, que não enxerga a administração Yoon com bons olhos. A controvérsia de Kim pode, então, pesar na decisão dos eleitores. Uma pesquisa divulgada por uma emissora local indicou que 69% dos entrevistados acredita que a primeira-dama precisa apresentar explicações, 53% opinam que ela agiu de maneira inadequada, enquanto 27% dizem que ela foi pega em uma cilada arquitetada.

A crise interna alcançou um perigoso patamar no domingo, quando membros do gabinete presidencial sugeriram que líder interino do partido governista Poder Popular, Han Dong-hoon, renunciasse para abafar o caso. Ele, por sua vez, recusou. Han já ocupou o cargo de ministro da Justiça, mas atualmente é considerado um assessor especial de Yoon. 

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