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Como foi a fuga do opositor venezuelano González para a Espanha

Ele deixou o país no domingo, 8, após tornar-se alvo de mandado de prisão do Ministério Público, controlado pela ditadura de Nicolás Maduro

Por Da Redação Atualizado em 9 set 2024, 12h06 - Publicado em 9 set 2024, 09h16
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  • O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia chegou à Espanha no domingo, 8, em um avião das Forças Armadas espanholas que o trouxe de Caracas. Segundo a imprensa local, a fuga do candidato de quem a vitória nas eleições de 28 de julho foi subtraída foi um esquema que começou a tomar forma duas semanas antes e terminou de ser forjado no sábado passado.

    A decisão de González de deixar a Venezuela ocorreu depois de ele ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral e tornar-se alvo de um mandado de prisão, por não comparecer para depor sobre o caso após três convocações. Ali, ele já previa que poderia ser preso pelo regime de Nicolás Maduro e continuou escondido na embaixada da Holanda, para onde foi no dia seguinte às eleições, marcadas por fraude.

    O diplomata de 74 afirmou temer pela sua vida e pela de sua família. Por isso, se mudou na quinta-feira passada para a residência do embaixador espanhol em Caracas. Dois dias depois, realizou reunião com diplomatas espanhóis, em que o ex-presidente José Luís Rodríguez Zapatero desempenhou um papel fundamental.

    Os dissidentes venezuelanos se beneficiam de um procedimento de asilo acelerado na Espanha, pelo que se espera que González Urrutia veja em breve o seu estatuto de refugiado político reconhecido. Cerca de 100.000 venezuelanos já fugiram para lá, incluindo o conhecido dissidente Leopoldo López.

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    Segundo o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, a decisão de pedir refúgio lá coube exclusivamente a González, sem que houvesse nenhum pacto com o regime de Maduro. “González solicitou o direito de asilo, e a Espanha irá, naturalmente, concedê-lo. Pude falar com ele, ele me transmitiu a sua gratidão e eu transmiti-lhe a alegria por estar bem”, afirmou Albares.

    A Espanha e a União Europeia estão entre os membros da comunidade internacional que não reconheceram o resultado oficial das eleições na Venezuela, que declararam Maduro vencedor.

    No entanto, a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, sugeriu nas redes sociais a existência de um acordo para facilitar a saída de González. O regime teria concedido ao opositor “o salvo-conduto adequado” para a “tranquilidade e paz política do país”.

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    Levando em conta que ele não deixou o país de forma clandestina pelas fronteiras terrestres, é provável que exista algum tipo de pacto entre Caracas e Madri. Além disso, a prisão do diplomata não interessava a nenhuma das partes. Esse seria outro ônus desgastante para Maduro, embora ele reafirme, por meio de perseguições sistemáticas de opositores, que não fará concessões nem está preocupado com o descrédito internacional.

    Por isso, o governo espanhol tornou-se alvo de críticas internamente. O vice-secretário institucional do Partido Popular (PP), Esteban González Pons, de centro-direita, que faz oposição à atual administração esquerdista do Partido Socialista Operário Espanhol, afirmou que retirar o opositor da Venezuela sem reconhecê-lo oficialmente como presidente foi “eliminar um problema da ditadura”, e que “Cuba (aliada de Maduro) faria o mesmo. A deputada Cayetana Álvarez de Toledo, também do PP, foi além ao dizer que o governo trouxe “o homem errado para a Espanha”, defendendo que “o usurpador criminoso (Maduro)” é quem deveria deixar o país.

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