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Como homem mantido por duas décadas em cativeiro pelo pai e madrasta conseguiu fugir

Vítima de 32 anos ficava trancada em um quarto de 8 m², onde era forçada a defecar em jornais e urinar pela janela do segundo andar

Por Sara Salbert 14 abr 2025, 14h59

Durante duas décadas, um homem do sul de Connecticut, nos Estados Unidos, viveu trancado em um quarto por cerca de 23 horas por dia. Em um caso que chocou a pequena comunidade local, ele conseguiu fugir da casa em que era mantido refém pelo pai e pela madrasta após atear fogo no local.

A fuga aconteceu no dia 17 de fevereiro, quando os bombeiros foram chamados para conter um incêndio em uma casa na pequena cidade de Waterbury. No local, encontraram um homem de 32 anos, pesando apenas 31 quilos, caído no chão da cozinha. “Parecia que eu não carregava nada nos braços”, relatou um dos bombeiros.

O trajeto percorrido dentro da ambulância marcou a primeira vez que o homem saía de casa desde seus 12 anos. No hospital, ele contou que havia sido mantido trancado em um quarto de 8 m² por duas décadas, onde era forçado a defecar em jornais e urinar pela janela do segundo andar, e tinha permissão de sair no máximo uma hora por dia para fazer tarefas domésticas. 

A decisão de atear fogo na casa foi calculada. Ele usou um isqueiro esquecido no bolso de um casaco velho que sua madrasta lhe dera, álcool em gel e papel para iniciar o incêndio em uma tentativa bem sucedida de escapar. “Eu queria minha liberdade”, disse ele, de acordo com o depoimento da polícia local.

“Ele parecia um sobrevivente do Holocausto”, disse o detetive Steve Brownell, do Departamento de Polícia de Waterbury, que o entrevistou no hospital.

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O nome da vítima não foi divulgado, por se tratar de um caso de violência doméstica.

Durante os anos em que esteve trancado, diversas denúncias foram feitas por professores, vizinhos e colegas de escola. Diretores relataram casos graves de negligência — o menino comia restos de lixo, bebia água de mictórios e chegava à escola sempre faminto. As reclamações foram arquivadas após visitas das autoridades, que concluíram que “estava tudo bem”. Em 2005, ele foi retirado da escola, supostamente para ser educado em casa.

O homem agora está se recuperando em um hospital, com acompanhamento médico e psicológico. Ele tem lesões musculares graves, sinais de desnutrição severa e traumas psicológicos profundos. Uma vaquinha online já arrecadou mais de US$ 200 mil para custear o tratamento.

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Processo em andamento

A madrasta, Kimberly Sullivan, 57, foi presa e responde por sequestro, maus-tratos, agressão e cárcere privado. Ela nega as acusações e alega que o pai biológico, que faleceu em 2024, era o responsável pelas decisões sobre relacionadas ao menino.

“Eles fazem parecer que Kim Sullivan tomou todas as decisões, que ela o tirou da escola, que ela decidiu o que ele comeria ou não, que ela decidiu quando ele iria ao médico”, disse o advogado da madrasta, Ioannis Kaloidiso. “Ela não era a mãe da criança.” 

Kaloidis também contestou as alegações de cativeiro do homem. “Onde estão as algemas?”, perguntou ele. “Onde estão as correntes? Onde estão os sinais de contenção? Não faz sentido.”

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