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Como o premiê indiano Modi alimentou um boicote turístico às Maldivas

Três vice-ministros maldivos chamaram o primeiro-ministro de 'palhaço', 'terrorista' e um 'fantoche de Israel', dando início às polêmicas

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 16h31 - Publicado em 9 jan 2024, 12h37

Águas azuis, corais coloridos e areia branca marcam o plano de fundo das fotos publicadas pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no arquipélago tropical indiano de Laquedivas. As paisagens, publicadas nas redes sociais em 4 de janeiro, contrastam com as polêmicas que vieram a seguir, provocadas por comentários de três políticos das Maldivas, país paradisíaco da Ásia Meridional, nas redes sociais de Modi.

As fotos foram interpretadas como um chamariz para que a população indiana trocasse destinos turísticos externos por internos, a começar por Laquedivas. O incentivo indireto foi visto com maus olhos pelos aliados do governo maldivo, que entenderam a jogada como uma tentativa do premiê de enfraquecer o turismo ao país vizinho.

As Maldivas são lideradas por Mohamed Muizzu, eleito em novembro de 2023, dono de uma postura pró-China e crítico da política do governo antecessor de “Índia em primeiro lugar”.

Insatisfeitos com a postura de Modi, os vice-ministros Malsha Shareef, Mariyam Shiuna e Abdulla Mahzoom Majid deixaram críticas abertas nas postagens, chamando o primeiro-ministro de “palhaço”, “terrorista” e um “fantoche de Israel”. As mensagens amargaram as relações Nova Délhi-Malé, e tiveram rápidas consequências para o número de visitantes indianos às águas cristalinas das Maldivas.

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Boicote à la Índia

O controverso posicionamento do trio irritou turistas indianos, estrelas de Bollywood e jogadores de críquete. A insatisfação foi traduzida na hashtag #BoycottMaldives (#BoicoteMaldivas, em português), para que viagens fossem canceladas. Em reflexo, o site de viagens indiano EaseMyTrip cancelou nesta segunda-feira 8 as reservas de voos ao país.

Em entrevista à Reuters, Nishant Pitti, CEO e cofundador da empresa turística, disse que a medida não é coisa pouca – a EaseMyTrip controla cerca de 22% do mercado de turismo da Índia.

“Em solidariedade à nossa nação, a EaseMyTrip suspendeu todas as reservas de voos para as Maldivas”, escreveu Pitti no X, antigo Twitter.

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Reforçando o coro, a Confederação de Todos os Comerciantes da Índia, um dos maiores organismos comerciais do país, apelou para que os membros suspendessem as negociações “até que as Maldivas apresentem um pedido de desculpas ou garantam medidas corretivas”.

Ao todo, mais de 209 mil indianos viajaram às Maldivas em 2023, sendo 11% do seu mercado turístico. Os russos e chineses também têm gosto pelo destino paradisíaco, onde a indústria de turismo representa quase um terço da economia local, segundo o Banco Mundial.

+ Poluição na Índia fecha escolas e atrapalha Copa do Mundo de Críquete

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Contexto e resposta das Maldivas

Os três vice-ministros foram suspensos às vésperas da ida de Muizzu à China, sua primeira viagem de Estado, que ocorre entre 8 e 12 de janeiro. A escolha por Pequim difere da maioria dos líderes anteriores, que optaram pela Índia como seu primeiro destino de visita de Estado.

Em resposta à polêmica, o Ministro das Relações Exteriores das Maldivas, Moosa Zameer, definiu os comentários dos políticos governistas como “inaceitáveis” e reforçou que o país está disposto a “promover um diálogo positivo e construtivo com os nossos parceiros”.

Além disso, uma fonte próxima ao governo maldivo disse à emissora americana CNN que o Alto Comissariado indiano nas Maldivas “levantou e expressou fortes preocupações” ao chanceler.

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