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Como ostentação dos ‘nepo kids’ nas redes sociais alimentou protestos no Nepal

Denunciando desigualdade social e corrupção, jovens colocaram a vida luxuosa dos filhos de governantes nos holofotes da internet

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 set 2025, 12h44

O Exército do Nepal impôs um toque de recolher na capital, Katmandu, na quarta-feira 10, na tentativa de reprimir violentos protestos contra o governo que tomaram o país nesta semana. O estopim da revolta foi a decisão do governo de bloquear 26 plataformas de redes sociais, mas a medida rapidamente desencadeou uma onda de insatisfação acumulada contra corrupção endêmica, desigualdade econômica e a concentração de poder nas mãos de uma elite política envelhecida. Depois da invasão dos prédios do governo, com cenas de violência contra políticos, o primeiro-ministro renunciou e estuda-se um governo militar temporário.

A revolta expôs a frustração de uma geração que se autodenomina geração Z e que denuncia o abismo entre a vida luxuosa dos filhos da elite política, apelidados de “nepo kids”, e a realidade de um país em que o desemprego atinge sobretudo os jovens.

Nas semanas que antecederam os violentos protestos de segunda e terça-feira no Nepal, quando o parlamento, a Suprema Corte, sedes de partidos e as residências de políticos foram invadidas e incendiadas, vídeos e fotografias que pretendiam denunciar o estilo de vida opulento desfrutado pelos filhos dos governantes do país inundaram as redes sociais.

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As postagens foram marcadas com a hashtag #nepokids, com a abreviação de “nepotismo” sugerindo que esses jovens lucram por conta de seus sobrenomes — e ilegitimamente, devido à corrupção de seus pais.

Palco de constantes escândalos, o Nepal é classificado pela Transparência Internacional como um dos países mais corruptos da Ásia. Recentemente, investigações revelaram o desvio de US$ 71 milhões na construção de um aeroporto na cidade de Pokhara, bem como um esquema de venda de vistos para jovens buscarem emprego nos Estados Unidos sob a falsa identidade de refugiados. Em ambos casos, ninguém foi indiciado.

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A indignação com a desconexão entre as elites e a realidade dos nepaleses foi um dos motivadores dos protestos, que embora tenham sido desencadeados pela proibição das redes sociais, foram alimentados por anos de ressentimento contra a casta de políticos de carreira que governa a frágil democracia, instalada em 2008, após a queda de uma monarquia autoritária.

As imagens que viralizaram mostram herdeiros de ex-primeiros-ministros ostentando bolsas de grife e carros importados, relógios de milhões de dólares em uma pilha de presentes de Natal, embarcando em viagens luxuosas, ou jantando em restaurantes caros. Enquanto isso, cerca de 25% da população vive abaixo da linha de pobreza nacional, proporção alta mesmo para os padrões da região.

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Saugat Thapa, filho do político nepalês Bindu Kumar Thapa (acusado de corrupção), posando em frente a uma “árvore de Natal” feita de mais de 30 caixas de presentes de luxo de marcas como Cartier, Louis Vuitton e Gucci. -
Saugat Thapa, filho do político nepalês Bindu Kumar Thapa (acusado de corrupção), posando em frente a uma “árvore de Natal” feita de mais de 30 caixas de presentes de luxo de marcas como Cartier, Louis Vuitton e Gucci. – (Instagram/Reprodução)

Milhares de nepaleses continuam a emigrar para países do Golfo e para a Malásia em busca de empregos precários. O apagão digital afetou particularmente a conexão dos nepaleses com 2,2 milhões de compatriotas que emigraram para tentar ganhar a vida, já que o desemprego atinge quase um quinto dos jovens entre 15 e 25 anos, uma das maiores taxas do continente asiático. O tamanho do problema ganha contornos mais claros ainda quando se olha a idade média no Nepal: 25 anos. 

Muitas famílias dependem financeiramente das remessas anuais de quem se foi, que somam 11 bilhões de dólares e representam mais de um quarto do PIB.

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