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Como uma ‘piada’ sobre arroz derrubou um ministro no Japão

Gafe de ministro da Agricultura expõe a crise do custo de vida no país

Por Júlia Sofia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 Maio 2025, 15h09

Um comentário insensível sobre nunca precisar comprar arroz custou o cargo do ministro da Agricultura do Japão, Taku Eto, que renunciou ao posto na segunda-feira, 19. Durante um discurso recente, o ministro afirmou, em tom de brincadeira, que nunca comprava arroz porque recebia “de sobra” de seus apoiadores. A fala, em meio à disparada histórica no preço do principal item da dieta japonesa, soou como um deboche e gerou forte reação pública.

Os preços do arroz atingiram níveis recordes neste ano, forçando o governo a adotar medidas excepcionais, como a liberação de reservas estratégicas e a ampliação das importações. Eto pediu desculpas, reconheceu que “passou dos limites” com a piada, mas acabou deixando o cargo diante da ameaça de uma moção de desconfiança apresentada pela oposição.

No Japão, o arroz é muito mais do que um alimento básico, é um símbolo nacional. Em 1918, uma revolta popular motivada pelo encarecimento do grão derrubou um governo inteiro. Desde a abolição da política estatal que regulava a quantidade de arroz produzida, em 1995, o Ministério da Agricultura passou a divulgar apenas estimativas de demanda, com o objetivo de orientar os produtores e evitar excesso de oferta.

Nos anos de 2023 e 2024, no entanto, o governo previu um consumo de 6,8 milhões de toneladas, mas a demanda real foi de 7,05 milhões. Especialistas apontam que o aumento se deve à retomada do setor de alimentação fora de casa, após a pandemia, e ao crescimento expressivo do turismo. A produção, por sua vez, ficou aquém da previsão, alcançando apenas 6,61 milhões de toneladas.

Com o consumo doméstico de arroz em queda há anos, muitos jovens agricultores passaram a investir em variedades destinadas à fabricação de saquê, bolachas de arroz ou ração animal. Ainda assim, diante da pressão popular e do risco político, o governo decidiu, em março, leiloar parte de suas reservas estratégicas para tentar frear a escalada dos preços.

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Apesar das iniciativas, o preço médio do arroz atingiu, em maio, 4.268 ienes (cerca de 140 reais) por cinco quilos — praticamente o dobro do valor registrado um ano atrás, segundo dados do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca. Agora, a missão de enfrentar a crise do arroz recai sobre Shinjiro Koizumi, ex-ministro do Meio Ambiente e filho de um ex-primeiro-ministro, nomeado para comandar a pasta da Agricultura.

A crise não é exclusiva do Japão. Países do Sudeste Asiático, responsáveis por cerca de 30% da produção global de arroz, também enfrentam dificuldades, provocadas por fatores climáticos, políticos e econômicos. No Japão, contudo, a escassez atingiu um patamar inédito, levando o país a importar, pela primeira vez em 25 anos, arroz da Coreia do Sul.

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