Confrontos deixam 23 mortos na Bolívia em quase um mês de protestos
Comissão de Direitos Humanos classifica como grave o decreto que permite militares controlar protestos sem ter que responder por excessos
Após quase um mês de manifestações na Bolívia, o número de mortos já chega a 23. A informação foi divulgada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em seu balanço mais recente. O órgão classificou como grave o decreto do novo governo, divulgado no sábado 16, que autoriza militares a controlar os protestos sem que eles tenham que responder penalmente por excessos.
A Comissão elevou de cinco para nove o número de mortos após confronto entre apoiadores do ex-presidente Evo Morales e as forças policiais e militares na sexta-feira 15, em Cochabamba. O número de mortos coincidem com o da Defensoria Pública. O governo mantém em cinco o número de vítimas fatais.
No Twitter, o CIDH afirmou que o “decreto de Bolívia desconhece os padrões internacionais de Direito Humanos e estimula a repressão violenta”. Evo também se manifestou via redes sociais: “É uma carta-branca de impunidade para massacrar o povo”, escreveu.
Neste domingo, o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) à Bolívia, Jean Arnault, disse, após sair de um encontro com a presidente interina Jeanine Añez, que o órgão espera poder contribuir com um “processo acelerado de pacificação” que leve a novas eleições presidenciais. A Alta Comissária da Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachellet havia lamentado ontem as recentes mortes e afirmou que o uso desnecessário e desproporcionou da força policial e militar pode fazer com que a situação saia de controle.
Asilado no México, Morales renunciou domingo após perder o apoio das Forças Armadas, na esteira de três semanas de protestos por sua questionada reeleição. A opositora Jeanine Áñez assumiu a Presidência de forma interina após a fuga do ex-governante.
(Com EFE)