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Conservadores se preparam para disputa ao cargo de premiê do Reino Unido

Cada vez mais afundado e isolado, Boris Johnson diz que se mantém no governo até que a próxima escolha seja concretizada

Por Da Redação
8 jul 2022, 16h52

Após a renúncia do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, na última quinta-feira 7, as movimentações para decidir quem irá substituí-lo começaram. De acordo com as leis do país, o Partido Conservador precisará escolher uma figura interna para assumir o cargo deixado por Johnson.

Nesse cenário, três nomes já anunciaram publicamente que pretendem assumir o posto de líder do partido e, consequentemente, de premiê britânico. São eles a procuradora-geral do Reino Unido, Suella Braverman, o ex-chefe do Tesouro, Rishi Sunak, e o deputado conservador Tom Tugendhat. 

+ Acabou-se o que era Boris

Assim que anunciou a sua candidatura, Tugendhat disse que está buscando a formação de uma “ampla coalizão” de colegas para superar as divisões internas do governo. Apesar de não ter experiência ministerial, o deputado é considerado por alguns nomes do partido como uma boa escolha para um novo começo. 

O conservador tem sido um crítico incisivo a Boris Johnson e se opôs ao referendo do Brexit de 2016. Além disso, ele também faz parte de um grupo de políticos que pedem para o Reino Unido adotar uma posição mais dura em relação à China.

Suella Braverman, advogada e procuradora-geral britânica desde 2020, foi a primeira a anunciar publicamente que pretendia se tornar a nova líder dos conservadores. Em entrevista à uma emissora local na quarta-feira 6, Braverman disse que ela e sua família chegaram na ilha como imigrantes e “têm uma dívida de gratidão com o país”. 

Apesar de não ser um nome tão conhecido entre o público, a advogada surpreendeu a todos quando anunciou a candidatura enquanto ainda fazia parte do governo de Johnson e, apesar de ser uma defensora dele por anos, disse que era hora dele ir embora. 

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Braverman tem uma visão política denominada euroceticismo, que consiste na descrença acerca da União Europeia, e foi grande apoiadora do Brexit. 

Rishi Sunak, nome mais conhecido dentre os candidatos, deixou o governo na terça-feira 5, com uma carta que dizia que “o público espera que o governo seja conduzido de maneira adequada, competente e séria”.

O ex-ministro das Finanças foi considerado por muito tempo a estrela em ascensão mais brilhante do Partido Conservador e o favorito nas casas de apostas para substituir Johnson. Ele foi responsável por comandar a economia britânica durante a pandemia de Covid-19 e foi elogiado por suas políticas, que incluiu a distribuição de bilhões de libras para ajudar empresas e trabalhadores.

No entanto, seu envolvimento no escândalo “Partygate” mudou a narrativa. Além disso, a população passou a criticá-lo pela demora em responder à grave crise do custo de vida do país, pressão que aumentou após revelações de que sua esposa, Akshata Murthy, evitou pagar impostos sobre sua renda no exterior e que o ex-banqueiro de investimentos manteve seu green card americano enquanto servia no governo.

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+ Após saída de Johnson, Reino Unido pode se reaproximar da União Europeia

Além dos três nomes oficiais, outros candidatos podem dar as caras na disputa. São eles o ex-ministro de Saúde, Sajid Javid, a ministra de Relações Exteriores, Liz Truss, e o ministro de Educação, Nadhim Zahawi.

Zahawi foi nomeado por Boris Johnson para chefiar as Finanças na última terça-feira após a renúncia de Sunak, mas apenas dois dias depois decidiu juntar-se aos apelos públicos e deixou o cargo. O político ganhou destaque durante a pandemia, quando foi ministro das vacinas. 

De acordo com o jornal The Times, ele trabalhou secretamente com aliados próximos para assumir uma posição de liderança conservadora e é visto como uma escolha segura caso os outros candidatos se mostrem divididos. 

Sajid Javid foi outro a renunciar nesta semana, declarando que “o problema começa no topo”. Ele foi ministro das Finanças de Johnson até o início de 2020, quando renunciou após se envolver em conflito com o ex-premiê. No entanto, ele ganhou destaque em seu período como ministro da Saúde ao dar uma boa resposta contra a Covid-19. 

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Para o público, o fato dele ter voltado ao cargo ministerial mesmo depois de se envolver em um embate com o premiê evidencia sua competência. Em 2019, Javid chegou a concorrer à liderança conservadora após a saída de Theresa May, mas perdeu para Johnson. 

Liz Truss, ministra de Relações Exteriores, chegou ao cargo no ano passado e é vista como uma estrela política em ascensão. Ela fez parte dos governos de David Cameron e Theresa May, é a primeira mulher a chefiar a pasta Relações Exteriores de um governo conservador, e sua defesa de sanções contra os oligarcas russos no início da guerra na Ucrânia foi aplaudida. 

Ela também se tornou a principal negociadora do Reino Unido com a União Europeia. Antes defensora da permanência do país no bloco, Truss se tornou uma figura fundamental para o Brexit até aqui. A chanceler é ainda muito popular com alguns setores conservadores, que dizem ver traços da ex-primeira-ministra, Margaret Thatcher, nela. 

+ Rússia comemora renúncia de Boris Johnson: ‘Também não gostamos dele’

Enquanto os candidatos se articulam para decidir quem vai assumir o cargo, Boris Johnson disse que irá permanecer nele até que a escolha seja concretizada, algo que tem causado preocupação no Reino Unido, tanto de aliados quanto de opositores. A principal legenda de oposição, o Partido Trabalhista, disse que é inadmissível que ele continue no poder e prometeu pedir um voto de desconfiança no parlamento na próxima semana.

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Alguns conservadores também desconfiam das intenções de Johnson após um discurso de renúncia no qual ele deixou claro que não queria sair, mas falhou “em persuadir meus colegas de que seria excêntrico mudar governos quando estamos entregando tanto e quando temos um mandato tão vasto”. 

Houve pressão de ambos os lados para que o vice-primeiro-ministro assumisse o posto como líder temporário, sugestão ignorada pelo premiê. 

Johnson tornou-se o menino-propaganda do Brexit e obteve uma vitória eleitoral esmagadora em 2019. Isso foi antes de adotar uma abordagem combativa, e muitas vezes caótica, do governo.

Sua liderança foi atolada por escândalos e erros, especialmente nos últimos meses. Seu manejo inicial da pandemia foi amplamente criticado. O primeiro-ministro foi multado pela polícia por violar as restrições contra a Covid-19 em um dos piores momentos da pandemia no Reino Unido, e uma investigação do governo sobre festas em seu escritório em Downing Street responsabilizou Johnson por falta de liderança.

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+ Boris Johnson: ‘É doloroso não terminar meu mandato’

Ele também foi bombardeado por críticas de que não teria feito o suficiente para enfrentar a inflação e a crise de custo de vida no país, com muitos britânicos lutando para lidar com o aumento nos preços de combustível e alimentos. A abordagem combativa de Johnson em relação à União Europeia também pesou sobre a libra, exacerbando a inflação que deve ultrapassar 11%.

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