Constituinte venezuelana julga oposição por ‘traição à pátria’
Assembleia chavista abre 'julgamento histórico' que deve mirar direção da Mesa da Unidade Democrática (MUD) e outros opositores
A Assembleia Nacional Constituinte instaurada pelo governo na Venezuela aprovou nesta terça-feira a abertura de um “julgamento histórico” contra os dirigentes da oposição por supostamente pedir e respaldar as sanções econômicas ditadas pelos Estados Unidos contra o país.
Por unanimidade, os 545 chavistas que formam a Constituinte aprovaram um decreto para “iniciar conjuntamente com os órgãos do Estado competentes um julgamento histórico por traição à pátria contra os que estejam incursos na promoção destas imorais ações contra os interesses do povo venezuelano”.
O texto foi lido ao final da sessão de hoje pelo homem forte da Constituinte, o ex-ministro e vice-presidente do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.
Embora o decreto não mencione nenhum nome em particular, os constituintes que fizeram sua intervenção na sessão acusaram a direção do partido opositor, Mesa da Unidade Democrática (MUD), principalmente o presidente do Parlamento, Julio Borges, e seu vice-presidente, Freddy Guevara. “Sabemos que Freddy Guevara é um delinquente e tem que pagar, que Julio Borges é outro delinquente que tem que pagar, eles não têm pátria”, disse a constituinte Iris Varela.
A Assembleia Constituinte também decidiu solicitar aos órgãos do Estado “o início imediato das respectivas investigações e processos para determinar a responsabilidade e as ações correspondentes” contra os acusados. Segundo o decreto, o julgamento será iniciado ante um chamado do presidente Nicolás Maduro, que assinala Borges como principal responsável por impulsionar as sanções que proíbem “negociar novas dívidas emitidas pelo governo da Venezuela e a petroleira estatal”.
Além disso, o decreto condena o “bloqueio financeiro do governo dos Estados Unidos da América contra o povo venezuelano”, e denuncia um suposto plano de Washington que conta com a cumplicidade de governos da região para criar uma situação de emergência humanitária e justificar uma intervenção militar na Venezuela.
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(Com EFE e AFP)